A Galp Energia, parceira de um consórcio de gás liderado pela Exxon Mobil em Moçambique, não vai investir em centrais onshore no país até que seja garantida a segurança e estabilidade social, o que pode demorar algum tempo.
A informação foi avançada pelo presidente e director executivo da empresa, Andy Brown, à agência Reuters.
Moçambique tem assim mais um contratempo na sua esperança de desenvolver um importante pólo de gás natural liquefeito (GNL) nos próximos anos, após a multinacional francesa Total ter suspenso as suas actividades em Abril, também devido à insegurança.
“No momento, é muito difícil prever quando será o momento de investir”, sublinhou Brown, depois de informar que a empresa, que tem 10 por cento do consórcio, não incluiu os investimentos nas instalações terrestres do Rovuma no seu plano de despesas de capital líquido para os próximos cinco anos.
“No ano passado, estávamos realmente a planear construir o Rovuma até 2025, mas agora não quero fazer uma promessa sobre o Rovuma e decepcionar o mercado novamente”, reiterou o presidente e director executivo da Galp Energia.
O porta-voz do parceiro Exxon Mobil, Todd Spitler, acrescentou, por seu lado, que o consórcio vai “continuar a monitorizar os desenvolvimentos de segurança na região”.
Ele garantiu que a empresa está a trabalhar com o Governo de Moçambique “para permitir o desenvolvimento desse recurso de classe mundial”.
Como condição para um regresso da Galp ao projecto, Todd Spitler disse que “o Governo tem de trabalhar com a população local para criar um ambiente de estabilidade e coesão social, bem como segurança, no terreno… e isso pode demorar algum tempo”.
Em Abril, depois de um forte ataque dos insurgentes à vila de Palma, a poucos quilómetros do megainvestimento da Total, avaliado em cerca de 20 mil milhões de dólares, a multinacional francesa suspendeu os trabalhos até que a segurança seja restabelecida.
O presidente e director executivo da Galp Portuguesa acrescentou que quanto a Total “retomar o trabalho de forma confiável, estaremos em posição de considerar o nosso próprio projecto”.
Andy Brown revelou ainda que nos próximos cinco anos, o Brasil vai absorver “a grande maioria” dos 320 milhões a 400 milhões de euros de capex líquido que a Galp alocou para upstream anualmente, enquanto haverá “algum investimento na flutuação de GNL em Moçambique e alguns pequenos investimentos em Angola”.