O presidente do Conselho de Administração da Câmara de Minas de Moçambique (CMM) defendeu esta quarta-feira, 3 de Julho, que o País deve colaborar regionalmente na indústria mineira para criar uma cadeia de abastecimento para a produção de veículos eléctricos.
Segundo Geert Klok, citado pela agência Lusa, Moçambique tem uma indústria mineira jovem, em que os recursos minerais são o carvão, grafite, pedras preciosas e rubis. Porém, as minas estão, muitas vezes, em zonas remotas, levando o País a depender dos mercados de outros países vizinhos.
“O que há a fazer, na minha opinião, é cooperar com a região. Temos de construir uma cadeia de abastecimento, não a nível nacional, mas a nível regional, que se ligue à indústria automóvel e ao mercado, em vez de cada país actuar individualmente”, afirmou o responsável, na “7ª Conferência sobre mineração em África (MOTA – Mining On Top Africa)”, em Paris.
O responsável falou da possibilidade do processamento da grafite nacional, um dos componentes das baterias dos carros eléctricos. “A discussão que estamos a ter em Moçambique é: temos grafite, porque não estamos a fazer baterias para veículos eléctricos? Precisamos de criar o ambiente e as infra-estruturas necessárias para tal”, disse.
Geert Klok acrescentou a necessidade de se destacar a questão do investimento no processo de fabrico de baterias para veículos eléctricos com a produção de grafite, que “poderá custar 12,6 mil milhões de meticais (200 milhões de dólares), e empregará cerca de uma centena de pessoas, cujo trabalho é qualificado. Então, não é um investimento que qualquer empresário queira”.
A conferência, organizada pela AME Trade – organização sediada no Reino Unido, especializada na promoção comercial entre Europa e África para os sectores da energia, finanças, infra-estruturas, minas e petróleo e gás -, tem como tema as parcerias Europa-África na indústria mineira para um desenvolvimento sustentável e inclusivo, discutido entre ministros de vários governos africanos, como o Senegal, o Gana e a Republica Democrática do Congo.
Ao longo do primeiro dia de conferência, os intervenientes concordaram com a cooperação regional para acabar com a dependência de países europeus e para qualificar mais pessoas nos seus países, como referiu o ministro da Energia, Petróleo e Minas do Senegal, Birame Soulèye Diop, que referiu ainda a necessidade de estabilidade e justiça, para tentar controlar as questões ambientais, já que a mineração produz elementos tóxicos que acabam por prejudicar, mais do que beneficiar, as populações.