Moçambique consolida-se como um caso à parte no cenário africano, onde muitos países lidam com pressões fiscais e monetárias mais severas, optando por políticas monetárias mais restritivas, como é o caso de Angola, que está com uma taxa de referência de 19,5%.
O Banco de Moçambique anunciou, nesta segunda-feira (30), a redução da sua taxa de juro de referência, conhecida como taxa MIMO, de 14,25% para 13,50%. Esta decisão, comunicada pelo governador Rogério Zandamela, representa o quinto corte consecutivo da taxa de juro ao longo de 2024, demonstrando um compromisso contínuo com a flexibilização da política monetária daquele país.
A trajectória do Banco de Moçambique contrasta fortemente com a maioria dos bancos centrais africanos, que têm adotado políticas de aperto monetário em resposta a pressões inflacionistas globais e à volatilidade dos mercados.
A decisão de prosseguir com uma política monetária expansionista é sustentada pela avaliação de que a inflação se encontra controlada dentro das metas estabelecidas, o que permite maior margem de manobra para impulsionar o crescimento económico sem comprometer a estabilidade macroeconómica. Desta forma, Moçambique consolida-se como um caso à parte no cenário africano, onde muitos países lidam com pressões fiscais e monetárias mais severas, optando por políticas monetárias mais restritivas, como é o caso de Angola, que está com uma taxa de referência de 19,5%.
A inflação em Moçambique tem respondido positivamente aos cortes sucessivos na taxa de juro, a taxa de inflação actual é de 2,75%, representando uma queda de 1,44 (p.p.) desde o primeiro mês do ano, e com uma inflação acumulada de apenas 1,05% entre Janeiro e Agosto de 2024. Este resultado destaca-se no cenário regional, onde muitos países enfrentam pressões inflacionistas mais severas.
O Banco Central de Moçambique distingue-se, em 2024, como a única autoridade monetária em África a implementar sucessivos cortes na taxa de juro de referência, realizando cinco reduções consecutivas ao longo do ano. Partindo de uma taxa de 17,25% em Novembro de 2023, a taxa MIMO foi gradualmente reduzida até atingir 13,5% em Setembro de 2024, totalizando uma diminuição de 3,75 (p.p.).
O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem reconhecido os esforços do Banco Central de Moçambique, sugerindo que há espaço para uma flexibilização adicional da política monetária, considerando as expectativas de inflação bem ancoradas e a consolidação fiscal em curso.
Este conjunto de medidas e reconhecimentos posiciona Moçambique como um exemplo em África no que diz respeito à gestão proactiva da política monetária para estímulo económico, ao mesmo tempo que mantém a estabilidade de preços.
O comunicado do Comité de Política Monetária faz referência que as reservas internacionais se mantêm em níveis confortáveis, sendo suficiente para cobrir mais de cinco meses de importações de bens e serviços.