A Oxford Economics reduziu as previsões de crescimento económico de Moçambique para este ano e o próximo, devido à violência pós-eleitoral, antecipando agora um crescimento de 3,9% em 2024 e de 3,2% em 2025.
“Reduzimos a nossa previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,4% para 3,9% este ano e de 4,1% para 3,2% no próximo ano”, escreveram os analistas no mais recente comentário sobre a evolução da economia moçambicana.
Na análise, enviada a investidores e à qual a agência Lusa teve acesso, o departamento africano desta consultora britânica destaca que “as perspetivas para a economia são frágeis devido aos riscos políticos”.
Os analistas alertam que, “sem a confirmação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional e com um acordo negociado de partilha de poder altamente improvável, a violência mortal pós-eleitoral irá prolongar-se indefinidamente”.
A violência que se seguiu ao anúncio dos resultados das eleições de 9 de outubro ameaça “a tranquilidade das operações fronteiriças e portuárias, bem como a continuidade dos projetos de infraestruturas financiados por operadores estrangeiros”.
“São prováveis novos atrasos no projeto da TotalEnergies no norte do país, essencial para as perspetivas de desenvolvimento económico deste país lusófono”, detalham.
Nos documentos de suporte ao Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para 2024, o governo moçambicano prevê um aumento do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para 4,778 mil milhões de dólares (4,538 mil milhões de euros), impulsionando um crescimento do PIB de 5,5% este ano. No entanto, estas previsões foram feitas antes de outubro e não consideram o impacto económico das paralisações e tumultos que se seguiram ao anúncio dos resultados eleitorais.
O governo moçambicano também antecipava que o IDE duplicaria este ano, impulsionado pela exploração de gás natural, para mais de 3,5 mil milhões de euros, após ter crescido 48% no primeiro semestre. Contudo, este objetivo parece difícil de atingir devido à forte desaceleração no último trimestre.
Segundo a organização não-governamental Plataforma Eleitoral Decide, pelo menos 110 pessoas morreram em manifestações pós-eleitorais desde 21 de outubro. Estas manifestações, que incluem paralisações de atividades, bloqueios de estradas, portos e passagens fronteiriças, surgem em resposta aos apelos do candidato presidencial Venâncio Mondlane, após a Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciar os resultados que atribuíram a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), com 70,67% dos votos.
De acordo com a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar com 20,32%, mas não reconhece os resultados, que ainda aguardam validação e proclamação pelo Conselho Constitucional.