O sector empresarial privado continua a queixar-se de falta de moeda externa (divisas) no sistema financeiro moçambicano. Esta terça-feira (18), o sector, representado pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), apresentou uma lista de empresas que vêem os seus pagamentos pendentes por falta de Euro, Dólar, Rands ou outras moedas externas na banca nacional.
Após a recepção destes documentos, a CTA irá submetê-los ao Banco de Moçambique como prova material e quantitativa de que o problema de divisas no mercado cambial é real e muito sério, exigindo atenção do Governador do Banco para a busca de soluções.
“No geral, submeteram ao pedido da CTA 63 empresas com pagamentos diversos solicitados do exterior. Destas, 41% são do sector industrial, 25% da aviação e 21% do comércio geral. Os dados agregados mostram que as necessidades destas 60 empresas que submeteram solicitações de pagamento ao exterior aos seus bancos comerciais estão estimadas em 373 milhões de USD” disse o vice-presidente da CTA para a indústria, Evaristo Madime.
Falando em conferência de imprensa, Madime explicou que o referido valor, correspondente aos primeiros quase dois meses de 2025, está ligeiramente abaixo do que a CTA já tinha apresentado de 402 milhões de USD referente ao terceiro trimestre de 2024. Justificou esta aparente redução pelo curto tempo concedido para a submissão da informação. Aliás, o empresário disse que a CTA continua a receber mais processos.
“Dos 373 milhões de USD, 40% é do sector da aviação, sinalizando ser este o mais afectado, actualmente. Aliás, devido a esta situação, muitas companhias decidiram suspender alguns voos para Moçambique, bem como vender os seus bilhetes a partir de agências de viagens baseadas no estrangeiro. Em seguida, os sectores da indústria com 26% e comércio com 12% são os mais afectados”, detalhou Madime.
Analisando a dinâmica das exportações e importações de Moçambique, o empresário explicou que o problema do mercado cambial poderia ser diferente, quando bem endereçado, pois, exemplificou, a cobertura de exportações sobre importações, incluindo os Grandes Projectos é de 87%. Para Madime, numa situação destas, não seria justificável a escassez que se verifica.
“Contudo, dado que a maior parte da receita dos Grandes Projectos não tem sido repatriada, então o problema torna-se visível. Sendo assim, para reduzir a escassez de divisas no mercado para importação de matérias-primas em 500 milhões de USD, propomos que o Governo inste as empresas da indústria extractiva, em particular, a repatriar receitas de exportação dos grandes projectos”, apelou o vice-presidente da CTA para indústria.
Acrescentou que, caso a medida fosse efectivada, em pouco tempo, poderia contribuir para o restabelecimento normal da fluidez de divisas. A CTA afirma que a não resolução deste problema a curto prazo pode agravar a situação económica do país e deteriorar, ainda mais, as oportunidades de emprego, levando à continuidade das convulsões sociais que se têm assistido. Assim, a CTA convida o Banco de Moçambique a ser mais ágil e criativo para contribuir para a paz social.