Quarta-feira, Abril 16, 2025
spot_img

Resposta à crise económica: Governo aponta resultados e projecções para os desafios do poder de compra e crescimento económico

  • Salim Valá destaca acções nos primeiros 100 dias de governação, estratégias para dinamizar sectores produtivos e medidas para conter a erosão do poder de compra

No decurso da sessão plenária de informação do Governo à Assembleia da República, o Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Salim Cripton Valá, detalhou os progressos alcançados nos primeiros 100 dias do novo ciclo governativo, sublinhou os desafios económicos e apresentou medidas em curso para conter a degradação do poder de compra da população, impulsionar a produção e promover o desenvolvimento endógeno.

Primeiros 100 dias: metas, resultados e monitoria apertada

No início da intervenção, o Ministro recordou a aprovação, em Fevereiro, do Plano dos Primeiros 100 Dias de Governação 2025–2029, composto por 77 acções monitoradas por 96 indicadores. Entre os avanços destacados estão:

  • Pagamento do 13.º salário e horas extras nos sectores da Educação e Saúde;
  • Criação do Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FDEL), com enfoque no empreendedorismo jovem;
  • Alocação de USD 8,5 milhões a 26 PME em seis províncias;
  • Expansão da irrigação em 1.815 hectares e instalação de sete estações agrometeorológicas;
  • Distribuição de 11 milhões de livros escolares e apoio a 11.746 escolas;
  • Reintegração de 832 ex-reclusos e apoio a jovens vulneráveis com 360 cartas de condução;
  • Instalação de Internet em 200 escolas e promoção da mobilidade urbana.

Segundo o Ministro, estas acções foram executadas num contexto de forte contenção orçamental, com base em fontes diversificadas de financiamento, e sujeitas a um plano de monitoria quinzenal que assegura a execução rigorosa do programa.

Desaceleração do crescimento e cenário conservador para 2025

O discurso abordou também o desempenho da economia. Segundo Salim Valá, embora os anos de 2022 e 2023 tenham registado um crescimento robusto (4,4% e 5,4%, respectivamente), impulsionado pelo gás natural liquefeito (GNL), o ano de 2024 registou uma quebra acentuada, com o crescimento fixado em 1,85%, muito aquém da meta de 5,5%. Entre os factores apontados:

  • Conflitos geoestratégicos;
  • Choques climáticos como El Niño e a tempestade tropical Filipo;
  • Manifestações pós-eleitorais;
  • Queda nas exportações de rubis.

Para 2025, o Governo estima um crescimento de 2,9%, num cenário moderadamente conservador. A inflação deverá manter-se entre 4,5% e 5,5% no horizonte até 2027, sustentada por políticas monetárias prudentes e isenções fiscais sobre bens essenciais.

Medidas contra a degradação do poder de compra

Para enfrentar o impacto da inflação sobre o consumo das famílias, o Governo reforçou medidas de estabilização económica, incluindo:

  • Redução da taxa de juro de política monetária e intervenções no mercado cambial;
  • Isenção do IVA sobre produtos essenciais como milho, arroz, pão, leite para lactentes, tomate, batata, cebola, carapau, gás de cozinha e petróleo de iluminação;
  • Avaliação dos programas de protecção social com cobertura a 1,2 milhões de pessoas.

Está ainda em discussão a revogação da isenção do IVA para o óleo, açúcar e sabão, proposta que visa reforçar a receita fiscal, sem negligenciar o apoio às camadas mais vulneráveis.

Transformação estrutural e crescimento inclusivo

Salim Valá reiterou que a solução de médio e longo prazo passa por elevar a produção e a produtividade, especialmente nos sectores com maior capacidade de absorção de mão-de-obra:

  • Agricultura, pecuária e pescas;
  • Indústria transformadora;
  • Turismo, logística e transportes;
  • Recursos minerais e energia.

O Governo propõe-se potenciar os pequenos produtores com acesso a insumos, tecnologia e mercados, e promover o processamento local de matérias-primas, através de incubadoras, parques industriais e tecnológicos. Paralelamente, continuará a investir em infra-estruturas integradas e resilientes, com prioridade para saúde, educação e logística de apoio à produção.

Estabilidade política e desenvolvimento económico como pilares

A terminar, o Ministro sublinhou a importância da paz, estabilidade macroeconómica e coesão institucional como pré-condições para a transformação do país. A estratégia de governação assenta num processo faseado, com enfoque nos dois primeiros anos na estabilização e preparação de condições para a retoma da economia e melhoria da prestação dos serviços públicos.

“Queremos simultaneamente dinamizar a economia muito dominada pelas Micro – PME’s, elevar o rendimento das famílias e fortalecer o capital humano e as instituições”, afirmou.

Noticias Relacionadas

Actividade empresarial recuou “ligeiramente” em Março, mas mantém-se em terreno positivo

A actividade empresarial no País registou um ligeiro recuo...

Ministra das Finanças diz que dívida pública poderá comprometer Orçamento do Estado de 2025

O Governo alerta que a actual dívida pública do...

Standard Bank prevê crescimento da economia nacional em 3%

O Standard Bank realizou, nesta quarta-feira, o seu habitual...

Custo de vida aumenta 4,7% em Fevereiro

Dados recolhidos em Fevereiro último, pelo Instituto Nacional de...