Maputo, 2025 – Em conferência que reuniu autoridades financeiras africanas, incluindo governadores de bancos centrais, ministros e representantes do FMI e do Banco Mundial, foi reafirmado o imperativo estratégico de África construir uma economia mais robusta, inclusiva e sustentável. O foco da discussão centrou-se em três pilares fundamentais: infraestrutura resiliente, capital humano e activos verdes.
As conclusões destacam a insuficiência estrutural do continente, com déficits críticos em estradas, energia, portos e conectividade digital que impedem o progresso e a integração regional. Para ultrapassar esses obstáculos, foi recomendada uma abordagem multipilar:
- Reforço da capacidade fiscal dos Estados para financiar infraestruturas essenciais;
- Promoção de maior eficiência na gestão pública para melhor alocação dos recursos;
- Mobilização de capital privado como catalisador para projetos de longo prazo.
No domínio energético, os oradores chamaram a atenção para o facto de cerca de 70% da população africana viver sem acesso à eletricidade fiável. Destacam-se iniciativas como a expansão de infra-estrutura baseada em gás natural e energias renováveis, consideradas centrais para impulsionar a industrialização e a geração de emprego formal.

Em Moçambique, o exemplo da central solar de Mocuba, inaugurada em 2019, e da central fotovoltaica de Metoro (Cabo Delgado), operacional desde 2022, ilustram o caminho percorrido em direção à transição energética sustentável. Esses projectos, suportados por parcerias público‑privadas e financiamento externo, contribuíram para a estabilidade da rede eléctrica e foram responsáveis pela criação de milhares de postos de trabalho locais.
Outro foco da agenda foi o investimento no capital humano, particularmente nos jovens que representam mais de 60% da população africana. Em Moçambique, programas como o “Projecto do Capital Humano para o Norte” (PCHN), apoiado pelo Banco Mundial, visam fortalecer os sistemas de saúde, educação e protecção social em províncias como Nampula, Niassa e Cabo Delgado.
Complementarmente, adoptam-se os conceitos do Africapitalismo, que promovem o capital privado como motor de transformação socioeconómica. O sector privado africano deve liderar investimentos de longo prazo que gerem impacto social e financeiro, em cooperação com governos e parceiros de desenvolvimento.
Os especialistas sublinharam que o sucesso dessa visão depende de uma parceria equilibrada entre Estado e sector privado, com o apoio tecnico‑político de instituições multilaterais, num quadro de respeito pelas condições africanas.
Concluiu‑se que atender às prioridades definidas, infra-estrutura resiliente, capital humano qualificado e projectos verdes, coloca os países africanos num trajecto mais sólido rumo ao crescimento sustentável e à maior participação activa na economia global.
Fonte: UBA Mozambique