Foram destaque desta edição da Conferência Fintalks a apresentação de histórias reais de inclusão financeira como ferramenta para impulsionar a mudança geracional e o auto-emprego, tal como aconteceu na intervenção de Gabriela Rosales, líder de equipa e responsável pela componente de Acesso aos Serviços Financeiros do Programa GIZ-VAMOZ Competir.
Na sequência, foram apresentadas soluções de diversos segmentos financeiros que já estão a gerar impacto concreto, nomeadamente o Solar Gas Energy, Com investimento em kits de biogás que transformam resíduos agrícolas e esterco em energia limpa, gás de cozinha, iluminação e biofertilizantes, a iniciativa WE FINANCE CODE, que reforça a necessidade das instituições financeiras criarem produtos e políticas mais inclusivas, garantindo maior acesso a financiamento para mulheres empreendedoras e o M-Pesa que a solução “Txova”, um serviço de microcrédito automático que vem responder a uma das maiores limitações enfrentadas pelos clientes: a falta de pequenos valores monetários para completar transacções essenciais do dia-a-dia.
PRIMEIRO PAINEL DE DEBATE:
Do Acesso ao Impacto: Como a Inclusão Financeira Pode Remodelar as Dinâmicas do Mercado de Trabalho em Moçambique. O primeiro Painel de Discussão na 3ª edição da Conferência M-Pesa FinTalks esteve subordinado ao tema Do Acesso ao Impacto: Como a Inclusão Financeira Pode Remodelar as Dinâmicas do Mercado de Trabalho em Moçambique.

Sob moderação de Vânia Nhaúle, o painel esteve composto por Jaime Comisse, representante da Agência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), Dário Camal, académico, diplomata e activista social e Carlos Mondle, vice presidente da FintechMZ.
Durante o debate, Dário Camal referiu que os desafios da inclusão financeira em Moçambique vão além do uso e acesso aos serviços financeiros, destacando a necessidade de uma colaboração multissectorial para um investimento na literacia tecnológica e financeira, incluído a agenda da literacia financeira nos currículos escolares. Além disso, Camal defende que a inclusão financeira requer a criação de produtos financeiros acessíveis e adaptáveis à realidade socioeconómica do país.
Por sua vez, Carlos Mondle abordou os desafios relacionados com a criação, licenciamento e investimento nas soluções financeiras digitais em Moçambique tendo destacado a morosidade do processo de incubação dos serviços junto do regulador, políticas não adaptáveis à dimensão do investimento, escassez de mão-de-obra qualificada ou especializada, entre outros.
Baseado na sua vasta experiência na UNIDO, Jaime comiche falou da importância da colaboração multissectorial e resiliência na consolidação de soluções digitais tendo como exemplo o Balcão de Atendimento Único (Baú) e o seu impacto na racionalização, modernização e simplificação de processos administrativos.
SEGUNDO PAINEL DE DEBATE:
Como Comunidades, Bancos, Fintechs, Reguladores e Governo podem, LIGADOS, Impulsionar a Mudança
Desde 2015, o número de contas móveis em Moçambique registou um crescimento expressivo, passando de 28% para 109% em poucos anos. Esse aumento reflecte a adesão massiva de milhares de pessoas ao uso de sistemas financeiros digitais. Contudo, a medida que a inclusão financeira avança, surge também a necessidade de criar complementaridade entre os diferentes sectores.

Foi com base nessa reflexão que o último painel de debate da 3ª edição da Conferência M-Pesa FinTalks destacou a urgência de se garantir um ecossistema mais integrado, onde as comunidades, os bancos, as fintechs, os reguladores e o governo caminhem lado a lado na promoção da mudança.
A mensagem central foi clara: o futuro da inclusão financeira não depende apenas da tecnologia, mas da capacidade de criar pontes de confiança, colaboração e inovação entre todos os actores envolvidos.
Os intervenientes sublinharam ainda que a consolidação deste caminho exige políticas robustas, soluções inovadoras que respondam à realidade local e maior literacia financeira para que os cidadãos não apenas tenham acesso às plataformas, mas possam utilizá-las de forma consciente e inclusiva.
Este painel foi moderado pelo economista Egas Daniel e composto por Elda Monteiro, directora do gabinete de Inclusão Financeira do Banco de Moçambique, Casimiro Chicuava, representante da Associação Moçambicana de Bancos, Felix Kamenga, Director Comercial da M-Pesa Africa.