Wednesday, September 24, 2025
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Gás natural ultrapassa carvão nos produtos mais exportados por Moçambique | Profile

País vendeu 567,7 milhões de dólares no primeiro trimestre

Moçambique vendeu 567,7 milhões de dólares em gás natural no primeiro trimestre, um aumento homólogo de 28%, destronando o carvão na liderança das exportações moçambicanas, indicam dados oficiais.

“O incremento nas receitas do gás natural é explicado pelo aumento do volume exportado na área 4 da bacia do Rovuma, conjugado com a subida do preço médio no mercado internacional em 12,8%”, refere o relatório da balança de pagamentos do primeiro trimestre de 2025, do Banco de Moçambique. As vendas de carvão mineral, historicamente o produto mais exportado por Moçambique, caíram no primeiro trimestre 35%, face ao mesmo períodode 2024, para 300,8 milhões de dólares, devido, nomeadamente, “à paralisação de algumas minas bem como à ruptura na linha férrea, resultantes das intempéries que afectou o escoamento da produção”, no centro do país.

As manifestações pós-eleitorais, que se prolongaram durante o primeiro trimestre deste ano, “nomeadamente os bloqueios das vias que condicionaram a movimentação” dos trabalhadores, também afectaram a produção, reconhece o documento, bem como “a queda do preço médio” do carvão no mercado internacional, em 6%. O alumínio também ultrapassou o carvão neste período no volume de exportações por Moçambique, chegando a 380,7 milhões de dólares, um aumento homólogo de 88,3%. “A melhoria nas receitas de alumínio deveu-se tanto ao aumento do volume exportado (45%) como do preço médio no mercado internacional (14%)”, lê-se no relatório.

O Estado cobrou até Junho 210 milhões de dólares da exploração de petróleo e gás natural, receitas aplicadas no Fundo Soberano de Moçambique (FSM), mais do que em todo o ano de 2024, conforme noticiado em Agosto. Dados do balanço económico e social da execução do Orçamento do Estado de Janeiro a Junho, do Ministério das Finanças, indicam que essas receitas incluem 164,69 milhões de dólares de 2024, e 45,24 milhões de dólares do primeiro semestre. “Foram depositados na Conta Transitória sediada no Banco de Moçambique, nos termos do Artigo 6 da Lei n.o 1/2024 de 09 de Janeiro que cria o Fundo Soberano de Moçambique”, lê-se no documento. Em todo o ano de 2024 – o primeiro do novo fundo -, essas receitas entregues ao FSM ascenderam a 158,8 milhões de dólares, segundo dados anteriores do Governo.

Moçambique exportou 135 carregamentos de gás desde 2022, a partir do norte do país, anunciou no final de Agosto a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH). “Os carregamentos começaram em 2022, portanto, temos 118 carregamentos de LNG [Gás Natural Liquefeito] e 17 de condensados”, disse Monica Juvane, directora da ENH, operadora petrolífera estatal moçambicana, acrescentando que o principal comprador é a petrolífera britânica BP, que assinou, em 2016, um acordo de 20 anos com a petrolífera Eni e com a energética estatal. “São contratos de gás e os contratos de gás têm um longo termo, e este foi adjudicado à BP”, explicou Monica Juvane.

Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado, além do operado pela Eni, a única em produção, também a Mozambique LNG (Área 1), operado pela TotalEnergies, até 43 milhões de toneladas por ano (mtpa), e Rovuma LNG (Área 4), operado pela Exxon-Mobil, com 18 mtpa, ambas em fase de desenvolvimento.

Em 2024, um estudo da consultora Deloitte concluiu que as reservas de gás de Moçambique representam receitas potenciais de 100 mil milhões de dólares. Só este ano, ainda sem a entrada em funcionamento das restantes operações, a produção moçambicana estimada de gás é de 5,4 mil milhões de metros cúbicos, o sexto maior produtor em África.

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