Os dados de 2025 sobre produção petrolífera confirmam a persistência do papel central das empresas estatais (National Oil Companies – NOCs) na geografia energética mundial. Segundo relatórios compilados por ENERGY ANALYTICS, Kpler e analisados pelo PROFILE Mozambique, mais de 60% da produção global continua a ser assegurada por NOCs, um reflexo da concentração geográfica e política dos recursos fósseis.
No topo do ranking destaca-se a Saudi Aramco, com uma produção estimada em 10,3 milhões de barris por dia (mbpd), uma escala que a coloca muito à frente da maioria dos concorrentes. Seguem-se a Iraq National Oil Company (3,9 mbpd), a Rosneft (3,7 mbpd) e a National Iranian Oil Company (3,3 mbpd). Entre as «majors» privadas, ExxonMobil e ADNOC aparecem com 3,0 mbpd cada, enquanto a PetroChina reporta 2,6 mbpd. A lista das 15 maiores produtoras inclui também empresas como Petrobras, Lukoil, Chevron, Shell e TotalEnergies. (Fonte: company reports; ENERGY ANALYTICS; Kpler, 2025.)
A forte presença das NOCs, especialmente do Médio Oriente, com Arábia Saudita, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Irão a responder por mais de um terço do fornecimento mundial, sublinha a dimensão estratégica do recurso, além de fonte de receitas fiscais, o petróleo continua a ser instrumento de poder geopolítico e de influência económica. Para muitos Estados-produtores, os hidrocarbonetos mantêm um papel central na estabilidade macroeconómica.
As grandes empresas ocidentais continuam, todavia, a desempenhar uma função crítica, tecnologia, financiamento e integração vertical (upstream-to-downstream) mantêm as majors como actores imprescindíveis para o equilíbrio do mercado. A presença de ExxonMobil, Chevron, Shell e TotalEnergies na lista revela que, mesmo com menor quota relativa de produção, estas empresas seguem essenciais nas cadeias de valor por fornecerem capital, know-how e soluções tecnológicas avançadas.
Outro traço relevante do ano é a resiliência dos produtores russos, Rosneft, Lukoil, Gazprom Neft e Surgutneftegas, que mantiveram níveis de produção elevados apesar de pressões geopolíticas e sanções. Este desempenho ilustra como, em muitas situações, a dimensão energética tende a persistir para além de rupturas políticas, tornando o setor um campo de interação complexa entre economia e diplomacia.
Do ponto de vista global, os números de 2025 reforçam duas lições claras, primeiro, a transição energética não elimina, a curto e médio prazo, a centralidade do petróleo, segundo, a distribuição do poder produtivo, concentrada em NOCs e em alguns grandes grupos privados, continuará a moldar estratégias de segurança energética, investimento e política industrial ao nível internacional.
Os dados aqui referidos foram obtidos a partir de relatórios corporativos e bases de dados do sector, com análise agregada por ENERGY ANALYTICS, Kpler e comentário do PROFILE Mozambique (2025).