O anúncio da inauguração da primeira fábrica nacional de processamento de gás de cozinha, previsto para a primeira semana de Dezembro, marca um momento histórico para o sector energético de Moçambique. A unidade, localizada em Inhambane, representa uma aposta estratégica do Estado para reduzir drasticamente a dependência de importações e assegurar o abastecimento interno de gás doméstico.
Produção nacional e menor dependência externa
Com esta nova infraestrutura construída no âmbito de projectos de processamento liderados pela Sasol Petroleum Mozambique o país passará a processar localmente o gás de cozinha (GLP). Isso permitirá uma queda estimada em 75% das importações do produto, oferecendo uma alternativa doméstica mais estável e acessível.

Em recente carregamento experimental, a Sasol já entregou o primeiro lote de gás de cozinha produzido em Moçambique, um marco que comprova a operacionalização da unidade de processamento e antecipa a inauguração oficial.
Impacto económico e industrial: emprego, refinaria e energia
A nova fábrica representa também uma viragem estrutural para a indústria nacional de energia. Estima-se que a unidade produzirá anualmente cerca de 30 mil toneladas de GLP, número que poderá contribuir para estabilizar o mercado interno e evitar rupturas de oferta.
Além do GLP, o projecto integra a produção de gás natural e petróleo leve, com potencial de abastecer a futura central energética prevista no projecto com capacidade para gerar 450 megawatts e ainda permitir exportação de energia e combustíveis, abrindo caminho à industrialização e reduzindo a vulnerabilidade externa do país.
Oportunidades e desafios para o mercado nacional
Para os consumidores domésticos, a produção local de gás poderá significar acesso a preços mais estáveis, menos dependência de importações e maior segurança de abastecimento. Para o Estado e sector privado, abre-se espaço para desenvolvimento de cadeias de valor ligadas à energia, logística, transporte e distribuição com impacto positivo em emprego, receitas fiscais e crescimento económico.
Contudo, este novo paradigma exigirá gestão eficiente, regulação rigorosa e investimento em infraestrutura de distribuição sobretudo para garantir que o gás produzido chegue em tempo útil às áreas urbanas e rurais de Moçambique.
Perspectivas de longo prazo: Moçambique no mapa energético global
A operação da fábrica nacional de gás configura um passo decisivo na estratégia de soberania energética do país. Com o relevante potencial do sector, Moçambique poderá afirmar-se como um actor de peso no panorama africano de energia, transformando reservas em valor real e reduzindo vulnerabilidades estruturais associadas à importação de combustíveis.



