Friday, December 5, 2025
spot_img

Sector bancário mantém trajectória de recuperação e consolidação, revela nova pesquisa da KPMG

A mais recente pesquisa da KPMG sobre o desempenho do sector bancário moçambicano, referente ao exercício de 2024, revela um cenário marcado por crescimento dos depósitos, reforço da solvabilidade e melhoria gradual da rentabilidade, apesar de desafios persistentes relacionados ao crédito malparado e à eficiência operacional. À semelhança de relatórios anteriores, o estudo detalha a evolução individual das principais instituições financeiras do país, apresentando rankings sobre depósitos, lucros, retorno sobre fundos próprios, eficiência, rácio de crédito vencido e duvidoso, bem como rácio de solvabilidade.

O setor bancário registou um aumento significativo no volume total de depósitos, passando de 634,4 mil milhões de meticais em 2023 para 715,4 mil milhões de meticais em 2024. O BCI — Banco Comercial e de Investimentos, SA, e o BIM — Banco Internacional de Moçambique, SA mantêm a liderança, com depósitos acima de 180 mil milhões de meticais cada, reforçando a sua posição dominante no mercado, enquanto o Standard Bank Moçambique segue na terceira posição, também com crescimento expressivo. Este aumento global evidencia a recuperação da confiança dos depositantes e um ambiente económico relativamente estável, apesar das pressões inflacionárias e do abrandamento da economia global.

No que toca a lucros, as instituições bancárias apresentaram um resultado agregado de 20,6 mil milhões de meticais em 2024, superando os 19,9 mil milhões registados em 2023. O Standard Bank lidera o ranking com mais de 6,1 mil milhões de meticais, seguido pelo BCI e pelo BIM, refletindo maior eficiência na gestão de ativos, expansão do crédito e controlo rigoroso dos custos operacionais.

No indicador de retorno sobre o capital próprio (ROAE), o destaque vai para o First Capital Bank, que alcançou uma rentabilidade de 45,19%, superando largamente a média do setor, situada em 13,91%. Outras instituições que se destacam incluem o United Bank for Africa (UBA) com 22,72%, Nedbank Moçambique com 19,78% e o BCI com 19,14%, mostrando capacidade de gerar lucros consistentes a partir dos seus recursos próprios, num ambiente ainda desafiante.

Apesar dos resultados positivos em rentabilidade, a eficiência operacional continua a representar um desafio. O rácio de eficiência, que compara custos com rendimentos, situou-se em 57,65%, ligeiramente melhor que em 2023. O Banco Letshego apresentou o melhor desempenho, com 18,76%, seguido do First Capital Bank, demonstrando elevada capacidade de gestão de custos. No entanto, algumas instituições registraram rácios acima de 80% e até 100%, evidenciando a necessidade de reestruturação e digitalização para reforçar a competitividade.

O crédito malparado permanece como uma preocupação para o setor, com o rácio de crédito vencido e duvidoso a subir para 9,70%, acima dos 8,66% registados no ano anterior. Este aumento reflete pressão sobre a capacidade de pagamento dos clientes, sobretudo empresas. Microbanco Confiança (1,24%), Standard Bank (2,33%) e FNB Moçambique (2,34%) apresentaram os melhores indicadores, enquanto algumas instituições ultrapassaram os 12% a 22%, representando riscos para a estabilidade financeira e exigindo maior rigor na concessão de crédito.

Quanto à solvabilidade, que mede a capacidade dos bancos de suportar perdas e honrar compromissos, os resultados mostram robustez do setor. A média ponderada subiu para 26,11%, muito acima dos mínimos exigidos pelo Banco de Moçambique. O BIG — Banco de Investimento Global apresentou a solvabilidade mais elevada, com 355%, refletindo baixa exposição ao risco e uma carteira de investimentos conservadora, seguido do Banco Mais (193%), Bayport Financial Services (149%) e UBA (137%).

Em conclusão, a pesquisa da KPMG confirma que o setor bancário moçambicano continua resiliente e em trajetória de crescimento, apesar das pressões económicas externas e internas. Entre os pontos fortes destacam-se o aumento expressivo dos depósitos, lucros consistentes, elevada solvabilidade e boa rentabilidade em instituições chave. Já os desafios persistentes incluem o crescimento do crédito malparado, eficiência operacional ainda baixa em vários bancos e forte concentração nos maiores players do mercado. O estudo indica que a modernização tecnológica, melhoria da gestão de risco e diversificação dos serviços serão determinantes para consolidar a sustentabilidade do setor nos próximos anos.

Noticias Relacionadas

BCI mantém liderança no ranking do sector bancário em activos e crédito

O Banco Comercial e de Investimentos (BCI) voltou a...

Standard Bank aponta potencial para captar 10% do investimento do Gás em serviços locais

A Incubadora de Negócios do Standard Bank realizou, recentemente,...

Quinhentos milhões USD para o arranque do BDM

FUTURO Banco de Desenvolvimento de Moçambique (BDM) contará com...

Vendas de divisas pela banca moçambicana recuam 18% no terceiro trimestre

As vendas de divisas pelos bancos moçambicanos recuaram 18%...