O Presidente da República considera que os constrangimentos do Porto da Beira não se resolvem apenas com obras físicas e defende a criação de uma entidade com autoridade para impor disciplina, coordenar investimentos e garantir ganhos efectivos de eficiência numa infra-estrutura estratégica para Moçambique e para a região.
Eficiência Operacional No Centro Da Intervenção Presidencial
O Presidente da República, Daniel Chapo, colocou a eficiência operacional do Porto da Beira no centro do debate sobre a competitividade logística nacional, defendendo que os problemas estruturais da infra-estrutura não se resolvem apenas com obras de ampliação ou aquisição de equipamentos.
Durante uma visita de trabalho ao porto, o Chefe do Estado sublinhou que a ausência de coordenação entre as várias concessionárias e operadores tem comprometido os ganhos de eficiência, apesar do crescimento significativo no movimento de combustíveis, carga geral e contentores.
Plano Director Como Instrumento Estruturante
Segundo o Presidente, a resposta aos actuais constrangimentos passa, necessariamente, pela elaboração de um Plano Director de Desenvolvimento do Porto da Beira, que sirva de base para uma visão integrada e sustentável de crescimento.

Chapo alertou que investimentos realizados de forma isolada, sem alinhamento estratégico, acabam por não resolver o problema central da infra-estrutura. A existência de uma única entrada e saída para camiões foi apontada como exemplo de uma limitação operacional que exige soluções integradas, e não intervenções avulsas.
Autoridade Para Impor Disciplina E Coordenar Concessões
Um dos pontos mais sensíveis da intervenção presidencial foi a admissão da necessidade de criar uma entidade com autoridade para impor ordem e disciplina a todos os intervenientes que operam no Porto da Beira.
Essa entidade deverá assegurar o cumprimento do Plano Director, articular o sector público e privado, e coordenar as várias concessões existentes, evitando investimentos descoordenados que reduzem a eficiência global da infra-estrutura.
A proposta surge num contexto em que o porto acolhe múltiplos operadores, incluindo concessionárias privadas, empresas públicas e serviços do Estado, como a Autoridade Tributária e as Alfândegas.
Investimentos Públicos E Resposta Aos Constrangimentos
No plano dos investimentos, o Governo anunciou a mobilização de mais de 830 milhões de meticais para a modernização do terminal de combustíveis do Porto da Beira, visando reforçar a capacidade operacional e responder à crescente procura do comércio nacional e regional.
Paralelamente, foi lançada a primeira fase da nova estrada de acesso ao porto, considerada essencial para mitigar o congestionamento actual. Contudo, o Presidente foi claro ao afirmar que a nova via, por si só, não resolve os problemas estruturais sem uma coordenação efectiva da actividade portuária.
Centro Logístico Do Dondo E Integração Regional
Como parte da solução estrutural, está igualmente prevista a construção de um centro logístico de referência regional no distrito de Dondo, que deverá funcionar como plataforma de apoio ao Porto da Beira, contribuindo para descongestionar o tráfego e melhorar o escoamento de mercadorias.
O Governo entende que esta infra-estrutura será determinante para reforçar a competitividade do corredor da Beira, num contexto em que países do hinterland, como Zimbabué, Maláui e Zâmbia, têm manifestado preocupações recorrentes com a eficiência do porto.
Porto Da Beira Entre Crescimento E Desafios De Governação
O Porto da Beira dispõe actualmente de dois terminais modernos, de contentores e de carga geral, resultantes de investimentos acumulados superiores a 210 milhões de dólares, com uma capacidade anual de manuseamento de até cinco milhões de toneladas de carga.
Apesar destes avanços, a mensagem presidencial é clara, o futuro do Porto da Beira depende menos da soma de investimentos isolados e mais da qualidade da governação, da coordenação institucional e da disciplina operacional. Num contexto de crescente concorrência regional, a eficiência portuária assume-se como um factor crítico para a competitividade da economia moçambicana.



