Quinta-feira, Dezembro 26, 2024
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Como é que as empresas podem contribuir para o crescimento do mercado de produtos orgânicos

Apesar da comoção geral que se assistiu após a descoberta do gás, a agricultura seguiu inabalável como principal aposta para o desenvolvimento do país. Com efeito, empresas ligadas ao sector puderam continuar empolgadas quanto ao que o futuro lhes reservava.

É notório o esforço de mecanizar e industrializar a agricultura. A recente criação da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) demonstra essa pretensão. Mas a agricultura familiar pode não se beneficiar dessas iniciativas gigantes. Ainda assim, é possível que a produção em larga escala abra um espaço único para os pequenos agricultores.

Mutiana Investimento é uma empresa do ramo agrícola que contribui para um maior acesso à insumos e serviços agrícolas de qualidade. A empresa também facilita o acesso à informações para melhorar a tomada de decisões por parte dos pequenos agricultores.

Por um lado, será cada vez mais preciso que pequenas empresas surjam e suportem os pequenos agricultores, já que sua produção em pequena escala permite explorar produtos exclusivos, de nicho e – sobretudo – orgânicos.

Por outro, empresas como a Mozambique Good Trade (empresa responsável pela comercialização de produtos naturais) precisarão abarcar mais produtores no seu leque de distribuição.

É facto, a longo prazo, a industrialização da agricultura excluirá grande parte dos pequenos agricultores. O motivo disso é simples: mecanização implica uso de máquinas que só podem ser operadas por pessoas especializadas. Em parte, isso significa que novos empregos serão criados. Mas também haverá máquinas totalmente autónomas que deixarão muitas pessoas fora do mercado.

Com efeito, a mecanização pode não incluir muitos dos pequenos agricultores em actividade hoje. Se nada for feito, a maioria pode ficar de lado por irrelevância. Ou seja, num futuro breve o sector pode não precisar deles já que terá maquinas e pessoal especializado para o trabalho.

Quando esses pequenos agricultores forem substituídos por cabeças especializadas e máquinas mais velozes, tudo o que lhes restará será trabalhar em seus pequenos campos onde não podem competir com empresas agrícolas de tecnologia de ponta, insumos melhorados, sistemas de irrigação sofisticados e outras coisas.

A boa notícia é que eles não precisam competir. Se unirem esforços podem ganhar no único campo onde nenhuma grande empresa agrícola pode entrar. Falamos do mercado de produtos orgânicos. O carrinho de compras do consumidor médio terá cada vez mais espaço para produtos orgânicos, quer para minimizar a culpa derivada do consumo dos processados, quer por genuína consciência dos benefícios associados ao seu consumo.

Entretanto, as empresas do ramo precisam capacitar os pequenos agricultores de outro modo, a industrialização os tornará obsoletos, em vez de complementares e alternativos como esperamos. Os agricultores rurais simplesmente não podem produzir mais rápido nem em larga escala. Se quiserem sobreviver, precisam ser agressivos no único campo em que podem prosperar.

Por conseguinte, cabe às PME do sector continuar a trabalhar com os pequenos agricultores, apoiando-os e capacitando-os com as ferramentas necessárias para que seus produtos cheguem aos supermercados nacionais e internacionais, onde sempre terão espaço nas prateleiras.

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