Quarta-feira, Janeiro 15, 2025
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A pioneira da indústria moçambicana: Onde está e qual o seu legado?

Desde a sua implantação em 1998, a Mozal desempenhou um papel crucial na economia de Moçambique, sendo o primeiro megaprojecto industrial do país. Situada no distrito de Boane, na província de Maputo, a Mozal é a única fundição de alumínio em Moçambique e a segunda maior em África, marcando um momento significativo de modernização industrial no pós-guerra civil.

A Mozal foi concebida como parte de um programa governamental destinado a atrair investimentos estrangeiros e revitalizar a economia moçambicana, severamente debilitada após a guerra de 16 anos. Desde o início, a sua produção foi destinada principalmente à exportação, com lingotes de alumínio exportados para mercados globais, sendo a Holanda um dos principais compradores. O projecto é detido pela South32 (47,1%), Mitsubishi (25%), IDC da África do Sul (24%) e o Estado moçambicano (3,9%).

Entre a relevância económica e as controvérsias fiscais

A Mozal tem sido fundamental no aumento das receitas de exportação de Moçambique. Em 2023, o alumínio foi o terceiro maior produto de exportação, gerando 1,1 mil milhões de dólares. Apesar da sua importância económica, a Mozal também é frequentemente criticada pela limitada contribuição fiscal, usufruindo de isenções de impostos que minimizam os benefícios directos para o governo moçambicano.

Adicionalmente, a empresa impulsiona a economia local através de iniciativas como uma linha de crédito de 77 milhões de Meticais para pequenas e médias empresas, beneficiando mais de 240 empreendedores na província de Maputo. Em termos de emprego, a Mozal é um dos maiores empregadores industriais do país, com a maioria da força de trabalho composta por moçambicanos.

Como a Mozal enfrenta os ventos contrários de Moçambique?

Nos últimos anos, a Mozal enfrentou desafios operacionais decorrentes de factores políticos e económicos. Em 2024, os protestos após as eleições controversas em Moçambique afectaram o transporte de matérias-primas para a fundição. Ainda assim, a South32, que administra a Mozal desde 2015, implementou planos de contingência para manter as operações. A produção anual de alumínio, projectada em 360 mil toneladas até junho de 2025, reflecte o compromisso contínuo da empresa com a resiliência e eficiência.

Construindo pontes entre a produção local e o mercado global

Ao longo dos anos, a Mozal também procurou diversificar o uso de seus produtos no mercado interno. Um marco importante foi o fornecimento de 50 mil toneladas de alumínio para a Midal, um dos maiores fabricantes mundiais de cabos, marcando a primeira utilização doméstica significativa de alumínio produzido localmente.

Embora seja uma peça-chave da industrialização de Moçambique, a trajectória da Mozal evidencia a necessidade de um equilíbrio entre os interesses dos investidores internacionais e os benefícios locais. Avançar rumo a uma maior transparência e inclusão pode assegurar que a Mozal continue a ser uma força motriz do desenvolvimento económico de Moçambique.

A história da Mozal ilustra tanto os potenciais quanto os desafios de megaprojectos em economias emergentes, sendo um exemplo emblemático do impacto de iniciativas industriais na transformação de economias dependentes de exportações de commodities básicas​.

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