Terça-feira, Julho 15, 2025
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Aprovado projecto de 7,2 mil milhões USD da Eni para segunda Unidade Flutuante de GNL

O Governo moçambicano deu luz verde ao plano de desenvolvimento do projecto Coral Norte, liderado pela petrolífera italiana Eni, com um investimento previsto de 7,2 mil milhões de dólares norte-americanos, abrindo caminho para a construção da segunda unidade flutuante de produção de Gás Natural Liquefeito (FLNG) no país.

A confirmação foi feita a 11 de Junho, durante um encontro em Maputo entre o Presidente da República, Daniel Chapo, e o Presidente Executivo da Eni, Claudio Descalzi, que afirmou que, com a autorização governamental formalizada e os termos acordados, “Coral Norte é agora uma realidade concreta”.

Replicação do modelo Coral Sul, já em produção

O projecto Coral Norte segue o modelo do Coral Sul FLNG, actualmente o único empreendimento de GNL em operação em Moçambique, com a primeira exportação realizada em 2022. Ambos os projectos exploram o mesmo reservatório de gás na Área 4 da Bacia do Rovuma, estimado entre 450 e 500 mil milhões de metros cúbicos.

A nova unidade FLNG será abastecida por seis poços submarinos, ligados a uma plataforma flutuante de produção, com capacidade de processamento de 3,55 milhões de toneladas por ano (mtpa), capacidade idêntica à do Coral Sul.

Segundo fontes da Eni, estão em curso negociações com a sul-coreana Samsung Heavy Industries, que liderou o consórcio de engenharia e construção do Coral Sul, em parceria com a Technip Energies e a japonesa JGC. A Samsung poderá assegurar um contrato de 2,5 mil milhões de dólares, o maior do seu portfólio para 2025.

A decisão final de investimento (FID) para Coral Norte é esperada ainda este ano, com início das exportações previsto para o segundo trimestre de 2028.

GNL em Moçambique: Desafios e Retomas

Enquanto os projectos offshore avançam, os megaprojectos onshore continuam suspensos devido à insegurança na península de Afungi, em Cabo Delgado. A TotalEnergies declarou “força maior” em 2021, suspendendo o seu projecto de 20 mil milhões USD para explorar os campos Golfinho e Atum e construir uma planta de liquefacção de 13,1 mtpa.

A retoma do projecto da TotalEnergies está prevista para meados de 2025, segundo afirmou o seu CEO, Patrick Pouyanné, durante a Cimeira de Energia do Japão em Junho. A empresa conta com apoio financeiro do Banco de Exportações e Importações dos EUA (Exim Bank) no valor de 4,7 mil milhões USD.

Já a ExxonMobil, responsável pela construção da unidade de liquefação onshore no consórcio Mozambique Rovuma Venture (MRV), em que a Eni lidera a componente offshore, adiou a sua decisão final de investimento para 2026.

No entanto, analistas apontam para sinais de descongelamento do sector, com recentes anúncios de atribuição de contratos de engenharia e expectativas positivas por parte das operadoras, face à estabilização crescente da segurança no norte de Moçambique.

GNL como pilar estratégico da economia nacional

Com três projectos de GNL já aprovados nas Áreas 1 e 4 da Bacia do Rovuma, Moçambique continua a consolidar-se como um dos principais mercados emergentes no sector do gás natural a nível mundial. A aposta em plataformas flutuantes como solução de mitigação de risco demonstra a flexibilidade do país e dos investidores em garantir a viabilidade de longo prazo dos seus recursos energéticos.

Fonte: Journal of Petroleum Technology – https://jpt.spe.org/mozambique-greenlights-enis-coral-norte-flng

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