O Banco de Exportações e Importações dos Estados Unidos da América (EUA) aprovou um empréstimo de 4,7 mil milhões de dólares para um projecto de gás em Moçambique, apesar de a sua análise interna alertar para os riscos de segurança.

 

O Eximbank norte-americano aprovou o financiamento que equivale a cerca de 4 mil milhões de euros no ano passado, argumentando que iria fomentar a criação de 16.700 empregos norte-americanos nos próximos cinco anos.

 

Esta é a maior parcela do financiamento de 15 mil milhões de dólares (12,6 mil milhões de euros) angariado para o projecto liderado pela francesa Total no norte de Moçambique, e que entretanto foi suspenso na sequência dos ataques a Palma, já este mês, e foi influenciado também pela tentativa dos EUA de diminuírem a influência da China e da Rússia em África.

 

De acordo com os documentos internos do banco, a insurgência é “a principal ameaça de segurança aos prazos e custos do projecto.

 

Na análise do banco, diz-se ainda que “o ambiente de segurança é altamente variável, as ameaças de segurança e os riscos para o projecto vão evoluir rapidamente, e a situação deve piorar antes de melhorar”, escrevia o banco norte-americano no ano passado, quando aprovou o financiamento.

 

“Os ataques são horríveis e mostram um completo desrespeito pela vida e segurança das populações locais”, comentou um porta-voz do Eximbank à Bloomberg, acrescentando que o financiamento ao projeto não foi posto em causa pelo ataque a Palma.

 

“Vamos continuar a estudar este projeto para garantir que uma razoável garantia de pagamento é mantida”, acrescentou o porta-voz.

 

O banco recebeu pela primeira vez uma proposta para apoiar o projecto em Abril de 2015, tendo sido apresentado à direcção em Agosto de 2019, que concluiu que o financiamento parcial ao projecto da Total iria ter um impacto positivo de 2 mil milhões de dólares na economia norte-americana.

 

Projecto Mozambique LNG 

O projecto Mozambique LNG consiste na exploração de gás ao largo da costa no campo Golfinho-Atum, na Área 1 da bacia do Rovuma, bem como na construção de uma central em terra.

 

A Petrolífera Francesa Total é a maior detentora do projecto, com 26,5%, seguida da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, com 16,5%, e mais cinco entidades multinacionais, com participações menores.

 

O projecto deverá começar a exportar gás em 2024, ano em que é previsível que as receitas do país subam exponencialmente, financiando os investimentos para o desenvolvimento económico de Moçambique.

 

Os ataques provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitária que atinge cerca de 700 mil pessoas na província, desde o início do conflito, de acordo com dados das Nações Unidas.

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