Quarta-feira, Janeiro 29, 2025
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Bilionários mundiais perdem US$ 108 mil milhões com a entrada da DeepSeek no mercado de IA

A entrada abrupta da DeepSeek, desenvolvedora chinesa de inteligência artificial (IA), provocou uma queda significativa no mercado de tecnologia, levando as 500 pessoas mais ricas do mundo a perderem colectivamente US$ 108 mil milhões num único dia. A maior parte das perdas ocorreu entre bilionários cujas fortunas estão atreladas ao sector de IA.

Entre os principais afectados, destaca-se Jensen Huang, cofundador da Nvidia Corp., que viu a sua fortuna cair 20%, perdendo US$ 20,1 mil milhões. Larry Ellison, cofundador da Oracle Corp., sofreu uma perda de US$ 22,6 mil milhões, equivalente a 12% do seu património líquido. Outros nomes notáveis incluem Michael Dell, da Dell Inc., e Changpeng “CZ” Zhao, da Binance Holdings, que perderam US$ 13 mil milhões e US$ 12,1 mil milhões, respectivamente.

Impactos no mercado

Os índices Nasdaq Composite e S&P 500 registaram quedas de 3,1% e 1,5%, reflectindo o impacto no sector tecnológico. Em conjunto, os gigantes da tecnologia perderam US$ 94 mil milhões, cerca de 85% do total do declínio do índice Bloomberg Billionaires.

A DeepSeek, sediada em Hangzhou, tornou-se destaque após o lançamento do chatbot gratuito DeepSeek R1, que rapidamente liderou as paradas de downloads globais. Contudo, a enorme procura pelo serviço superou a capacidade operacional da empresa, causando interrupções e forçando-a a limitar novos utilizadores a números de telefone chineses. Apesar dessas dificuldades, o lançamento foi suficiente para atrair a atenção dos mercados internacionais.

O contexto do abalo

O destaque do DeepSeek R1 é o seu baixo custo de desenvolvimento: apenas US$ 5,6 milhões, um valor insignificante em comparação com os bilhões de dólares investidos por gigantes tecnológicos como a OpenAI (criadora do ChatGPT), Meta, e Google, no desenvolvimento de sistemas similares. Este fato desafia a lógica de gastos massivos do Vale do Silício para criar e operar sistemas avançados de IA.

A desconfiança entre investidores ocidentais surgiu ao perceber que uma empresa chinesa, com um modelo de custos baixos, poderia competir ou superar empresas como Nvidia, Meta e Microsoft, cujas operações dependem de grandes investimentos e semicondutores avançados.

Restrições e estratégias da DeepSeek

Apesar das restrições de exportação impostas pelos EUA, que limitam o acesso de empresas chinesas a GPUs de ponta (chips cruciais para treinar modelos de IA), a DeepSeek parece ter contornado essa limitação. Especialistas estimam que a empresa possua 50.000 GPUs H100 da Nvidia, adquiridas de forma indireta, desafiando as expectativas sobre o impacto das sanções norte-americanas.

O desafio ao Sillicon Valley 

A abordagem da DeepSeek também coloca em xeque o modelo predominante no Sillicon Valley, que se apoia em gastos elevados para dominar o mercado de IA. Recentemente, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou que a empresa planeia investir entre US$ 60 e 65 mil milhões em IA apenas em 2025. Estas despesas fazem parte de um total estimado de US$ 200 mil milhões em investimentos anuais em IA pelas grandes empresas de tecnologia.

A entrada da DeepSeek, com custos drasticamente menores, levanta a questão: será que o modelo ocidental é sustentável a longo prazo?

Resiliência e contrapontos

Enquanto bilionários como Huang e Ellison sofreram perdas significativas, outros conseguiram ganhos:

  • Mark Zuckerberg (Meta) aumentou a sua fortuna em US$ 4,3 mil milhões no mesmo dia, graças à recuperação das acções da Meta.
  • Jeff Bezos (Amazon) viu a sua fortuna crescer US$ 632 milhões.

Estes resultados reflectem as diferentes estratégias adoptadas pelas empresas do sector.

O que está em jogo?

  1. Mudança no equilíbrio de poder: A entrada da DeepSeek demonstra que a China pode competir directamente no mercado global de IA, mesmo sob restrições económicas.
  2. Sustentabilidade do modelo do Vale do Silício: A dependência de altos gastos de capital nas empresas ocidentais é colocada em xeque.

Impacto nas relações EUA-China: A rivalidade tecnológica intensifica-se, com potencial para redimensionar cadeias de fornecimento globais e o equilíbrio geopolítico.

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