A 20.ª Conferência Anual do Sector Privado (CASP), realizada em Maputo, marcou duas décadas de diálogo público-privado institucionalizado em Moçambique, reafirmando o compromisso entre o Governo, o sector empresarial e os parceiros internacionais na construção de um ambiente económico mais dinâmico e competitivo.
Sob o lema “Reformar para Competir: Caminhos para o Relançamento Económico”, o evento reuniu mais de 2.000 participantes, 40 oradores e 80 expositores, num ambiente de partilha de experiências, propostas e soluções concretas para o futuro económico do país.
Em análise estiveram projectos avaliados em 95,8 mil milhões de meticais (1,5 mil milhões de dólares), um sinal inequívoco de confiança no potencial produtivo e de investimento nacional.

O anúncio presidencial e a retoma do Mozambique LNG
Um dos momentos mais marcantes da conferência foi o anúncio do Presidente da República, que revelou avanços significativos nas negociações para a retoma do projecto Mozambique LNG, liderado pela TotalEnergies.
“Se tudo correr como previsto, num prazo máximo de sete dias estaremos em condições de finalizar as conversações com o projecto liderado pela Total”, declarou o Chefe do Estado, na sessão de abertura da conferência.
O anúncio surge na sequência do levantamento da cláusula de “força maior”, que desde 2021 suspendia o megaprojecto devido aos ataques terroristas na região norte do país.

Avaliado em cerca de 1,3 bilião de meticais (20 mil milhões de dólares), o Mozambique LNG poderá ser reactivado assim que o Governo aprovar a revisão orçamental, que incorpora custos adicionais resultantes da paralisação. O Presidente reafirmou o empenho do Executivo em acelerar o processo negocial, de modo a garantir a retoma efectiva das actividades e maximizar o impacto económico do projecto.
Desafios estruturais e a urgência das reformas
A CASP 2025 também serviu como palco de reflexão sobre os desafios estruturais que continuam a travar o crescimento económico. Entre eles, destacou-se a escassez de divisas, classificada como uma verdadeira “emergência económica”.
Sem acesso suficiente a moeda estrangeira, muitas empresas enfrentam dificuldades para importar matérias-primas, cumprir contratos e expandir operações. Daí o apelo à criação de incentivos claros para exportadores e à substituição de importações, de modo a garantir prioridade no acesso a divisas para as empresas produtoras.

Outro tema central foi a operacionalização do Fundo Soberano de Moçambique (FSM), sustentado pelas receitas do gás natural. Como sublinhou o Presidente da CTA, Álvaro Massingue, o FSM não deve limitar-se a ser um instrumento de poupança, mas sim de financiamento de projectos estruturantes, parcerias público-privadas e industrialização baseada no gás.
A nova Agenda de Reformas e a visão para o futuro
Durante a conferência, foi apresentada a nova Agenda de Reformas da CTA, que define medidas de impacto rápido e realista, com foco em infra-estruturas, energia, logística, competitividade industrial e inclusão das PME, responsáveis por mais de 80% da actividade empresarial no país.
Ao longo dos três dias, decorreram também sessões bilaterais com representantes da União Europeia, Emirados Árabes Unidos, Zona de Comércio Livre Continental Africana e Brasil, além do Market Place, um espaço dedicado à identificação de soluções e oportunidades de investimento entre produtores, importadores e fornecedores de matérias-primas.
O Ministro da Economia, Basílio Muhate, reafirmou o compromisso do Governo em melhorar o ambiente de negócios, através da remoção de barreiras burocráticas e simplificação de processos, tornando Moçambique mais atractivo ao investimento nacional e estrangeiro.



