Quinta-feira, Novembro 14, 2024
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Cláudia Manjate: “As histórias por detrás de uma Marca moldam as preferências do consumidor”

À conversa com o Profile, Cláudia Manjate, Directora de Relações Públicas e Comunicação Corporativa na OLAM Moçambique, compartilha suas visões sobre o Superbrands Moçambique e aborda os desafios e expectativas do Marketing Empresarial em Moçambique.

Profile Mozambique: O que é a OLAM Moçambique?

Cláudia Manjate: A OLAM Moçambique é uma empresa multinacional da área de agronegócio, fornecendo produtos e matéria-prima a nível mundial. Em Moçambique, já tivemos um portfólio que incluiu fomento e processamento para exportação de culturas como o algodão e a castanha de Caju, Processamento e Distribuição de Óleo Alimentar, a importação e a comercialização do arroz. Presente desde 1998 ao nível nacional, a Olam vem contribuindo pelas suas acções na melhoria da segurança alimentar, assim como assegurando o mercado para as comunidades que operam na sua cadeia de valor.

Entretanto, neste momento, temos um enfoque maior em duas unidades de negócio: (1) Óleo Alimentar e Sabões com 2 fabricas em Maputo e na Beira e (2) importação de arroz de nossas operações no Vietname, que depois é distribuído aqui no mercado nacional para além da compra para exportação de produtos agrícolas (algodão, gergelim).

Estamos em 75 países do mundo, a maior parte dos quais em África, portanto, é uma empresa com raízes em África.

PM: Falemos dos principais acontecimentos que marcaram positivamente a empresa e que contribuíram para o seu crescimento durante o ano 2023.

CM: A OLAM está no mercado moçambicano há 30 anos, e celebramos em 2023. Para dizer que tem sido uma jornada coroada de crescimento e transformação ao longo do tempo e tentando-se, obviamente, ajustar-se às necessidades do mercado para se afirmar e responder aquilo que são as necessidades do consumidor final.

Estamos a falar de produtos alimentares que, apesar de nunca faltarem à mesa dos moçambicanos, particularmente, são produtos de muita concorrência no mercado, se nós falamos de óleo alimentar, tem muita entrada de óleo alimentar sul-africano no país, enfim, sabemos que estamos num país de fronteiras porosas, que facilmente a fuga ao fisco acontece, então em meio a este contexto há todo um trabalho de afirmação das marcas, comunicação junto do consumidor final, que é educá-lo para as suas escolhas.

PM: Vamos ter algumas novidades concretas em termos de produtos da Olam?

CM: Já tivemos este ano, bem no início, a OLAM lançou uma marca de arroz nova, na verdade, a marca está voltar ao mercado após ter desaparecido por dois anos, que é o Arroz Feliz Família, uma marca que já é conhecida e agora voltou ao mercado para os nossos consumidores, e nos propusemos um desafio na nossa fábrica de produção de óleo alimentar, que é a produção de azeite, um produto mais refinado, que o mercado moçambicano também começa a exigir, e nós trouxemos isso bem no fim do ano passado.

O Di Olivia Sabor já está disponível no mercado moçambicano e temos estado a publicitar essas marcas nas várias plataformas de comunicação, desde as redes sociais até os canais televisivos.

PM: Como profissional de comunicação, qual é a sua perspectiva sobre o significado e a importância da distinção Superbrands para as marcas moçambicanas?

CM: Eu vejo o Superbrands como uma plataforma, primeiro, de estímulo das marcas, porque quando nós sabemos que estamos sendo escrutinados, avaliados, temos tendência a trabalhar para a excelência. Então, o Superbrands traz esse braço forte que ajuda a premiar as marcas, logo, as marcas sabem que estão sendo observadas e também começam a ter uma responsabilidade muito maior.

Por outras, ter uma entidade como esta, que reconhece o esforço das marcas, que monitora o impacto que essas marcas estão a fazer e a transformação, longevidade e todos os outros elementos que carregam e que materializam as marcas, é muito importante porque traz todo um debate de posicionamento de marketing para um contexto moçambicano em que é preciso aprimorar e crescer, exactamente neste quesito de comunicação e marketing.

PM: Que avaliação em relação à postura das empresas moçambicanas no contexto do marketing, considerando o cenário actual? Quais são os desafios e oportunidades que essas empresas enfrentam em termos de estratégias de marketing e comunicação?

CM: É ainda incipiente e desafiador, porque eu penso que está a começar agora a perceber-se a relevância de ter dentro das empresas uma equipe sólida de comunicação que esteja dedicada dentro do negócio para fazer comunicação, não como um apêndice, mas como parte integral do negócio.

Então, continua a ser um desafio, porque o que se verifica no momento, muitas vezes, é que as empresas não têm um departamento de comunicação e marketing. Com efeito, fazem actividades de comunicação e marketing de forma ad-hoc e pouco estruturada, ou como uma equipe, solicitada principalmente em tempos de crise, que é para gerir a imagem corporativa e não necessariamente uma equipe sólida, que esteja desde a concepção, desenho, que ajuda a marca crescer e harmonizada sua posição e linguagem.

Portanto, é um desafio. De forma tímida, a consciência empresarial começa a crescer e, iniciativas como esta, do Superbrands e outras com foco nas marcas acabam trazendo essa necessidade, e esta discussão à tona e as empresas começam a perceber a relevância do marketing e da comunicação das marcas.

PM: Na qualidade de Conselheira Superbrands, que recomendação deixa para as empresas que ainda não foram convidadas a tomar parte desta avaliação. O que podem melhorar em termos de perfomance para se destacarem no mercado e merecerem o convite da Superbrands?

CM: Os seres humanos são movidos por emoções, e as marcas só se destacam se conseguirem perceber isto. O Covid distanciou-nos um pouco e transformou as emoções e o contacto directo, incluindo o das marcas, em coisas como emojis e stickers. As marcas também se ressentiram deste distanciamento e contacto pessoal.

Então, um dos grandes elementos que a Superbrands traz é uma sacudidela nas marcas, chamando a atenção para começarem a considerar outros elementos por detrás do brand recomendando a olhar, para como contamos as histórias por detrás das nossas marcas.

Qualquer marca tem uma história de produção, tem uma história de transformação, tem uma história de impacto, tem uma história de geração de emprego e são essas histórias que o consumidor quer ouvir, porque são essas histórias que vão fazer a diferença na decisão dele por um produto ou por outro da mesma natureza.

De onde é que vêm os produtos? Como é que são produzidos? Que emprego estão a gerar? Que tipo de transformação se está a fazer? Qual é o nível de qualidade no processo de preparação?

Então, todos esses elementos que, na verdade, estão por detrás da marca, são eles que o engrandecem. E quanto mais as empresas perceberem, mais cedo as empresas perceberão que este tipo de comunicação é importante e que o consumidor está à procura disso porque as identifica, é uma forma de as identificar com as marcas, traz o elemento humano que falta nas marcas.

É isso que traz excelência, é isso que vai trazer também mais marcas para os superbrands e fazerem parte desta família.

 

Conheça a Cláudia Manjate, connectando-se ao seu perfil de LinkedIN: Claudia Manjate

Breve Perfil

Quase 15 anos de experiência na gestão e comunicação com as partes interessadas, desde a sociedade civil até às perspectivas da indústria (sector extrativo).

Os seus pontos fortes incluem: mobilização e advocacia, investigação e análise estratégica, criação de consensos e relações públicas.

 

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