O Governo moçambicano anunciou, nesta quarta-feira (29), um projecto ambicioso de transformação digital que visa garantir o acesso à internet para toda a população do país até 2030. O investimento de 500 milhões de dólares, apresentado durante o evento Business Breakfast “Internet para Todos”, organizado pelo Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM), reforça o compromisso do Executivo em tornar a conectividade um direito básico de cada cidadão.
Actualmente, apenas 7,8 milhões de moçambicanos, de uma população estimada em 33 milhões, têm acesso à internet, uma realidade que o ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, considera inaceitável. Para ele, a transformação digital deve ser inclusiva e acessível. “Não faz sentido que, em pleno século XXI, a maioria da nossa população ainda esteja desconectada do mundo digital. Esta transformação não é para a elite, mas para todos os moçambicanos”, afirmou o governante.
O projecto será estruturado em dois pilares principais. O primeiro é o desenvolvimento de um Governo Digital, que permitirá à população aceder a serviços públicos como o pagamento de impostos e o comércio electrónico através de plataformas digitais. O segundo pilar é a inclusão digital, com foco na expansão da conectividade e na remoção de barreiras burocráticas e económicas que dificultam a implementação de soluções digitais no país.
Apesar das metas ambiciosas, o projecto enfrenta desafios significativos, como a falta de coordenação entre instituições e modelos de negócio pouco acessíveis. Segundo Magala, outro grande desafio será equilibrar privacidade e transparência na gestão de dados e garantir a segurança cibernética. A transformação digital não se trata apenas de disponibilizar internet, mas de construir uma base sólida para um futuro tecnológico sustentável.
Os dados apresentados pela presidente do Conselho de Administração do INCM, Helena Fernando, ilustram a necessidade urgente de acções mais eficazes. Em Setembro deste ano, cerca de 21 milhões de dispositivos trafegaram nas redes de telecomunicações do país, mas apenas um terço deles acedeu à internet. Isso reflete as disparidades no acesso e evidencia a importância de soluções abrangentes para alcançar a democratização digital.
A Autoridade Reguladora das Comunicações (ARCOM) desempenhará um papel estratégico nesse processo, abordando a digitalização como um factor crucial para o desenvolvimento económico e social do país. Helena Fernando enfatizou que a transformação digital em Moçambique não é apenas uma necessidade, mas uma oportunidade de promover inclusão social e dinamizar a economia.
O Governo convida o sector privado, empresas de energia e comércio, académicos e outras partes interessadas para colaborar neste esforço colectivo. Mateus Magala destacou que apenas com a participação activa de todos os sectores será possível superar os desafios e transformar Moçambique num exemplo de inovação e conectividade no continente africano.
Com este investimento, o Executivo pretende não só expandir o acesso à internet, mas também desenvolver competências digitais e fomentar a segurança cibernética. O objectivo é criar um ambiente em que cada cidadão moçambicano tenha a oportunidade de participar activamente na nova economia digital, promovendo a inclusão e o desenvolvimento sustentável.
Ao construir uma infraestrutura robusta e inclusiva, Moçambique prepara-se para enfrentar os desafios da era digital e garantir que a conectividade seja um catalisador para o progresso económico e social. Este projecto é mais do que uma meta; é um compromisso com o futuro do país.