Dércio Parker, fundador da Marcas e Companhia Internacional (MCI), testemunhou o nascimento da empresa em 2013, impulsionado pela percepção das necessidades e oportunidades no mercado moçambicano.
Hoje, a MCI destaca-se no sector do turismo e oferece uma ampla gama de serviços, desde traslados, recepção em aeroportos, pacotes turísticos, excursões, locação de helicópteros e aviões até viagens comerciais para qualquer destino global, reserva de hotéis, organização de eventos e conferências.
Profile Mozambique: Conte sobre sua trajectória e sobre a evolução da MCI até ser um grupo antenado, conectado, repleto de marcas, acções e conexões.
Dércio Parker: A Marcas e Companhia Internacional (MCI), criada em 2013, teve sua origem a partir da percepção da necessidade e oportunidade no mercado para a criação de uma empresa como a nossa. A semente da MCI foi plantada quando conduzi o lançamento de uma marca em um grande evento. A experiência despertou meu interesse em levar adiante a empresa.
Naquela época, eu estava envolvido em um segmento operativo privado nas áreas de viagens e turismo. Observava que muitos clientes, principalmente investidores e empresários, vinham a Moçambique com o objectivo de estabelecer negócios ou realizar reuniões, mas frequentemente deixavam o país sem concretizar seus objectivos.
Foi a partir dessa observação que surgiu a ideia de criar uma empresa que oferecesse serviços específicos para esse público-alvo. Assim nasceu a Marcas e Companhia Internacional (MCI), com a missão de representar marcas e empresas em Moçambique, auxiliando-as na inserção e consolidação no mercado local.
No primeiro ano de operação, decidimos não incluir serviços de viagens, embora a atracção pelo sector fosse inegável. O turismo é uma paixão intrínseca difícil de resistir, algo que se enraíza em nosso DNA. A MCI, inicialmente focada em prestar serviços a indivíduos e empresas nacionais e estrangeiros, buscava ser uma entidade confiável e séria em Moçambique, atraindo parceiros em busca de uma colaboração sólida para impulsionar seus negócios.
Resumidamente, essa foi a trajectória inicial da MCI, marcada pelo compromisso com a excelência e pela busca contínua por atender às necessidades dinâmicas de nossos clientes.
PM: Volvidos 10 anos após sua criação, que serviços, oportunidades e soluções a Marcas e Companhia Internacional (MCI), oferece, as empresas moçambicanas?
DP: Ao longo dos anos, passamos por um processo de selecção, profissionalização e aprendizado, discernindo o que realmente valia a pena oferecer em termos de serviços. Aprendemos bastante sobre quais serviços agregavam maior valor aos nossos clientes, resultando em um leque mais padronizado de ofertas.
Hoje, nossa gama de serviços abrange desde assistência em questões simples, como trâmites de passaportes, carteiras de motorista e identidades, até a prestação de serviços mais abrangentes, auxiliando as pessoas em suas demandas documentais, títulos de investimento e outras necessidades relacionadas à área de serviços. Para as empresas, oferecemos assistência na gestão e implementação de projectos, apoio logístico e de desenvolvimento de negócios para quem deseja estabelecer-se em Moçambique, contando com parceiros locais capacitados ao nível profissional, humano e tecnológico.
Somos especializados em fornecer uma solução completa para que empresas e indivíduos possam operar ou realizar processos em Moçambique. Além disso, possuímos uma divisão dedicada a viagens, conhecida como a Travel Division, oferecendo serviços a operadores, hotéis, indivíduos e gestores estrangeiros e nacionais que desejam viajar ou operar dentro do país.
Muitas vezes, os clientes da Business Division necessitam dos serviços da Travel Division, e essa integração em uma única plataforma é o que chamamos de “One-Stop-Shop-Solution”, o conceito principal por trás do atendimento da MCI. Oferecemos todos esses serviços em uma única plataforma para atender às necessidades diversas de nossos clientes.
PM: Fale-nos dos principais acontecimentos que marcaram positivamente, a empresa, e que contribuíram para o seu rápido crescimento.
DP: Acredito que uma parte significativa do crescimento da MCI ocorreu durante a transição de uma sociedade unipessoal para uma empresa composta por três sócios. Esse aumento na expertise e o envolvimento de três sócios trouxeram imenso valor à empresa, tanto do ponto de vista financeiro quanto em termos de conhecimento e habilidades. Essa mudança permitiu que a MCI desenvolvesse uma visão a médio e longo prazo, capacitando-a para enfrentar desafios globais e específicos da empresa.
Além disso, a construção de uma carteira de clientes sólida, com contratos estabelecidos com grandes empresas nos sectores de Petróleo & Gás, bancário e de seguros, destaca a maturidade da MCI em seus 10 anos de existência. A reputação e exigências elevadas desses clientes conferem à MCI uma responsabilidade substancial, mas também uma distinção e mérito notáveis. Manter um crescimento estável e assertivo ao longo do tempo foi, em grande parte, possível devido à nossa equipe, que é o verdadeiro motor da empresa.
PM: Quais são os desafios actuais que atrasam o crescimento do Mercado de Negócios?
As fintechs, obviamente, seriam uma forma de facilitar bastante o crescimento económico, porque elas permitem que as pessoas criem negócios online, negócios que não precisam necessariamente de ter um estabelecimento, isso é por si só um factor que pode criar um boom no crescimento das empresas, das pequenas e maiores empresas em Moçambique.
Então, eu creio que este é um aspecto a considerar-se para alavancar o Mercado de Negócios em Moçambique. Outro aspecto que eu acho que também é um campo que não existe, ou melhor, que não esteja devidamente desenvolvido, é o packaging, o labelling. É preciso criar toda a cadeia de valor completa para colocar produtos no mercado, não só no mercado doméstico, como também no mercado internacional, que tenham capacidade de concorrer a vários níveis, quer a nível de apresentação, quer a nível de marca e qualidade, com outros produtos que são importados para Moçambique, de modo que Moçambique também tenha produtos seus expostos e à venda.
PM: Que estratégias usam para contornar os desafios e tornarem-se resilientes?
DP: É inspirador observar a abordagem proativa e orientada para a melhoria contínua da MCI ao longo dos anos. O compromisso em manter-se actualizado e adaptar-se constantemente é fundamental em um ambiente empresarial em constante evolução. Além disso, o investimento em tecnologia destaca a visão de crescimento da empresa, permitindo que ela se destaque no mercado.
Por outro lado, o comprometimento com a entrega de qualidade é crucial para a construção e manutenção da reputação da empresa ao longo do tempo.
PM: Aliada as tendências da transformação digital, como é que a MCI posiciona-se, olhando para o nosso contexto?
DP: A MCI demonstra um compromisso notável com a inovação e a tecnologia para impulsionar seu crescimento e presença no mercado. Com três renovações em seu site de negócios e um site de viagens com reservas online, a empresa busca atender às necessidades específicas de cada sector. A utilização de redes sociais e um sistema CRM evidencia a importância da comunicação eficaz e relacionamentos sólidos com os clientes.
Portanto, penso que a aposta na tecnologia é vital, e a empresa reconhece que não é necessário um investimento significativo, destacando a acessibilidade de ferramentas online e a importância de habilidades básicas, como informática e inglês.
PM: Como é para a MCI projectar o futuro, com os pés no presente?
DP: A visão da MCI para o futuro é ambiciosa e orientada para a consolidação e expansão contínua. Com um histórico de dez anos, reconhecemos que esse é um marco significativo, mas também sentimos a necessidade de mais tempo para se consolidar plenamente os objectivos. E nota que o objectivo é não apenas crescer em tamanho, mas também expandir suas capacidades e presença para além das fronteiras atuais. A MCI almeja ser reconhecida como o parceiro de referência para Moçambique na região da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) e, em última instância, expandir sua influência para toda a África.