Sexta-feira, Junho 6, 2025
spot_img

Direcção da Vivo Energy em Moçambique sob escrutínio por condutas administrativas e diplomáticas

O Governo moçambicano declarou persona non grata e procedeu à expulsão de João Oliveira de Sousa, cidadão de nacionalidade portuguesa e até então Director-Geral da empresa Vivo Energy Moçambique. A medida, de carácter soberano e inapelável, foi executada na segunda-feira, com o expatriado a abandonar o território nacional num voo da transportadora aérea portuguesa TAP.

João de Sousa chegou a Moçambique após cessar funções em Cabo Verde e é referenciado por antecedentes semelhantes no Zimbabwe, país onde foi igualmente expulso por razões que, à data, suscitaram preocupação no seio empresarial e diplomático da região.

Segundo informações avançadas pelo semanário Evidências, a decisão do Estado moçambicano é sustentada por um conjunto de atitudes consideradas gravemente lesivas da ordem pública, da ética empresarial e da soberania nacional. Entre os motivos apontados constam alegações de discriminação racial no local de trabalho, sabotagem organizacional e desrespeito por instituições do Estado.

A referida publicação reporta ainda que a gestão de João de Sousa na Vivo Energy está envolta em condutas de carácter não idóneo, com denúncias de tentativas de suborno a inspectores do Ministério do Trabalho, no âmbito de um processo de fiscalização, bem como pressão indevida exercida sobre a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) com o intuito de obstruir sanções administrativas contra a empresa.

Paralelamente, as autoridades nacionais descobriram irregularidades de natureza fiscal e laboral, que culminaram na aplicação de uma coima de 40 milhões de meticais à Vivo Energy Moçambique.

Contudo, segundo fontes ligadas ao processo, o episódio decisivo que precipitou a expulsão terá ocorrido em Fevereiro deste ano, quando João de Sousa recusou autorizar o fornecimento de combustível à aeronave de matrícula RA-96019, um Ilyushin Il-96-300 operado pela companhia estatal russa POCCNR Airlines. A recusa deu-se apesar de a tripulação e os representantes diplomáticos russos terem cumprido todos os procedimentos exigidos, incluindo a devida autorização das autoridades nacionais competentes.

Na altura, o então Director-Geral da Vivo Energy Moçambique terá alegado que a Rússia se encontrava sob sanções da União Europeia, facto que, no seu entender, impossibilitava o atendimento da requisição de abastecimento. No entanto, Moçambique não aderiu às sanções europeias impostas à Federação Russa, o que torna a decisão unilateral de Sousa um acto lesivo à política externa e aos compromissos diplomáticos do Estado moçambicano.

A postura assumida pelo gestor estrangeiro é considerada um grave precedente de insubordinação empresarial a directrizes soberanas, tendo, por consequência, motivado a intervenção directa das autoridades competentes, culminando na sua retirada forçada do território nacional.

Até ao momento, a Vivo Energy Moçambique ainda não emitiu qualquer pronunciamento oficial sobre o afastamento do seu ex-dirigente, nem sobre as implicações institucionais decorrentes dos factos ora apurados.

O Governo reitera que todas as empresas, nacionais ou estrangeiras, devem pautar-se pelo estrito cumprimento das leis nacionais, respeito pelas instituições e alinhamento com a política externa do Estado moçambicano.

Noticias Relacionadas

Mercado Financeiro: Maio assinala sinais de recuperação no mercado de obrigações e ligeira retracção nas acções

Mercado Secundário de Obrigações (Bond Market) O mês de...

Programa de atracção de talento da Galp atrai mais de 2000 jovens moçambicanos

Cerca de 2620 jovens moçambicanos responderam ao desafio lançado...

Relatório do Banco de Moçambique apresenta inflação controlada, juros em queda mas potenciais riscos fiscais

Em tempos de incerteza económica global, Moçambique apresenta sinais...

ARC avalia aquisição da Olam Agri pela gigante saudita SALIC

A Autoridade Reguladora da Concorrência (ARC) está a analisar...