Sexta-feira, Agosto 15, 2025
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Edite Félix: “A RSM está a construir uma cadeia de valor inteiramente digital”

Profile Mozambique: A RSM Moçambique é uma referência global em Assurance, Tax & Consulting com uma equipa experiente e abordagem adaptada ao cliente. Poderia começar por explicar brevemente o posicionamento da RSM Moçambique no mercado local e o tipo de empresas que atendem?

Edite Félix: A RSM Moçambique é uma firma membro da RSM International, uma das maiores redes globais de auditoria, consultoria e fiscalidade, com presença consolidada em mais de 120 países. Em Moçambique, posicionamo-nos como uma referência nacional em serviços de Assurance, Tax & Consulting, oferecendo soluções integradas, de elevado rigor técnico, concebidas para gerar impacto real no ambiente de negócios.

Atendemos essencialmente empresas de média e grande dimensão, tanto nacionais como internacionais, que não procuram apenas cumprimento normativo, mas sim um parceiro estratégico, capaz de compreender os seus desafios específicos, antecipar riscos operacionais e regulatórios e entregar valor sustentável.

O nosso posicionamento no mercado assenta em três pilares fundamentais: qualidade, consistência e proximidade ao cliente. A qualidade, para nós, não é apenas um princípio orientador, é o próprio modelo do nosso negócio. É essa cultura de exigência que atrai empresas com elevados padrões de governação, retém talento qualificado e sustenta a nossa reputação como firma de confiança no ecossistema empresarial moçambicano.

PM: Quais são os sectores predominantes no vosso portfólio? Que desafios específicos estes sectores trazem e como a RSM se posiciona para responder a eles?

EF: O nosso portfólio é composto por sectores de elevada complexidade e impacto estratégico para a economia moçambicana. Trabalhamos com instituições bancárias e seguradoras, onde os requisitos regulatórios são particularmente exigentes e o foco em compliance é permanente. Nestes casos, o nosso compromisso é garantir que os nossos clientes operem com total conformidade, minimizando riscos e assegurando a solidez e integridade dos seus sistemas de controlo.

No sector de petróleo e gás, a nossa intervenção exige profundo domínio da fiscalidade internacional, do reporting técnico e da gestão de risco, numa área onde as exigências de transparência e rigor são particularmente elevadas. Também assessoramos organizações não-governamentais e organismos multilaterais, cujos critérios de actuação impõem uma avaliação rigorosa do impacto dos projectos, prestação de contas transparente e alinhamento com normas internacionais de reporte e auditoria.

Ademais, prestamos serviços a grandes empresas privadas, nacionais e multinacionais, que actuam em sectores em expansão como a agro-indústria, energia e infraestruturas, todos com exigências complexas ao nível da estratégia, governança e crescimento sustentável.

PM: O recente relatório da RSM internacional revela crescimento de 29% na África, impulsionado em parte por Moçambique. Como se insere a RSM Moçambique na estratégia global de crescimento da rede?

EF: O crescimento de 29% da RSM em África, conforme indica o mais recente relatório internacional, confirma que os mercados emergentes ocupam hoje uma posição central na estratégia global da nossa rede. Em Moçambique, orgulhamo-nos de contribuir activamente para esse desempenho, com um modelo de negócio centrado na excelência técnica, na valorização de talento local e na adopção de soluções inovadoras.

Alinhamo-nos com a Estratégia Global 2030 da RSM, que privilegia a inovação, o crescimento sustentável e o impacto real. A nível nacional, esta visão traduz-se na digitalização progressiva dos nossos serviços, no fortalecimento da nossa base de clientes de referência e no posicionamento de Moçambique como um polo estratégico para operações internacionais, sobretudo nas áreas de preços de transferência e consultoria para o desenvolvimento. Estamos também comprometidos com o reforço das ligações regionais, em particular com os países da SADC e África Oriental, consolidando o papel da RSM Moçambique como plataforma de excelência para a expansão de negócios no continente.

PM: A RSM lançou em 2024 a plataforma RSM Luca para auditoria digital. De que forma esta inovação tem sido implementada em Moçambique e qual o impacto no serviço ao cliente?

EF: A introdução da plataforma RSM Luca em Moçambique, em 2024, marcou um novo capítulo na forma como conduzimos os nossos projectos de auditoria. Trata-se de um verdadeiro ecossistema digital, concebido para elevar a eficiência, a transparência e a qualidade dos nossos serviços. A sua implementação foi cuidadosamente estruturada, com acções de capacitação intensiva das nossas equipas e integração plena nos fluxos de trabalho.

Os efeitos desta inovação já são evidentes, registamos maior agilidade nos processos, redução de tarefas manuais repetitivas, uma gestão de risco mais robusta e uma colaboração mais directa com os clientes. A grande mais-valia do RSM Luca é que a qualidade deixou de depender exclusivamente da supervisão, ela está incorporada em cada fase do projecto, desde o planeamento até à entrega final. Esta evolução reforça o nosso compromisso com a excelência técnica e com a prestação de um serviço cada vez mais alinhado às exigências do contexto moçambicano e aos padrões internacionais.

PM: No contexto da Estratégia Global 2030, cresce a aposta em pessoas e tecnologia. Como atraem e retêm talentos no mercado moçambicano? Há iniciativas internas como 360° feedback ou inovação interna?

EF: Na RSM Moçambique, acreditamos que o nosso maior activo são as pessoas. Por isso, investimos de forma estratégica e contínua na atracção, desenvolvimento e retenção de talentos. A nossa proposta de valor está ancorada em planos de carreira bem definidos, com progressão clara e transparente, mentoria activa assegurada por líderes experientes, programas de formação contínua, nacionais e internacionais, e mecanismos estruturados de avaliação, como o sistema de feedback 360°, revisão periódica de descrições de funções e de modelos de desempenho.

Adicionalmente, fomentamos uma cultura de excelência e responsabilidade, onde cada colaborador se reconhece como embaixador da marca RSM em cada entrega. O nosso compromisso é formar profissionais com ambição e sentido de missão, conscientes de que o talento de hoje será o sócio de amanhã, responsável por garantir a qualidade e o crescimento sustentável da firma. Este alinhamento com a Estratégia Global 2030 reforça o nosso papel como referência em capital humano no sector de auditoria, fiscalidade e consultoria em Moçambique.

PM: As equipas investem cada vez mais em tecnologia, auditorias digitais, análises baseadas em dados. Quais são os principais desafios técnicos que enfrentam localmente e que soluções se avizinham para 2025/26?

EF: Os desafios técnicos que enfrentamos no contexto local concentram-se essencialmente em três eixos estratégicos: a limitação ainda persistente da infraestrutura digital, a necessidade de capacitação contínua das nossas equipas para o domínio de novas ferramentas, e o grau variável de adaptação dos clientes às soluções digitais e integradas.

Para responder a este cenário, temos vindo a investir de forma consistente em inovação tecnológica. Estamos a acelerar a integração de ferramentas como inteligência artificial, Power BI, CRM, Caseware e mesmo recursos como o ChatGPT, com o objectivo de reforçar a precisão analítica e a capacidade de resposta em tempo real. Simultaneamente, estamos a automatizar processos críticos, como os ligados ao compliance, onboarding e monitorização de projectos, promovendo maior eficiência operacional.

No que diz respeito ao desenvolvimento interno, mantemos programas contínuos de formação técnica, com enfoque especial em competências digitais e novas tecnologias. A nossa ambição para 2025/26 é clara, queremos processos totalmente digitalizados, com integração de inteligência artificial desde a proposta até à entrega final. Com isso, pretendemos garantir consistência, elevar o padrão de qualidade e oferecer mais valor real aos nossos clientes.

PM: Sabendo que vos propõem melhorar transparência, eficiência e boas práticas nos sectores empresarial e institucional, como veem o impacto da RSM no crescimento sustentável de Moçambique?

EF: Na RSM Moçambique, acreditamos firmemente que o nosso papel vai muito além da prestação de serviços técnicos. Vemos a nossa actuação como um contributo activo para o crescimento sustentável do país, através da promoção da transparência nos sectores empresarial e institucional, do reforço das boas práticas de gestão e compliance, bem como do apoio técnico a projectos estruturantes em áreas-chave como a energia, agricultura e finanças públicas.

Adicionalmente, temos um compromisso com a capacitação de Pequenas e Médias Empresas (PME) e Organizações Não Governamentais (ONGs), sectores muitas vezes decisivos na criação de emprego e inclusão económica. Acreditamos que uma economia mais ética, eficiente e transparente é também mais resiliente e atractiva para o investimento nacional e estrangeiro.

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