Terça-feira, Abril 23, 2024
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Empresas de cimento insatisfeitas com nova concorrente

Várias empresas de cimento que operam em Moçambique assinaram uma carta ao Ministro da Indústria e Comércio, Carlos Mesquita, protestando contra aquilo a que chamaram “os preços muito baixos” cobrados pela empresa chinesa Dugongo Cimentos, uma nova entrada no mercado do cimento moçambicano.

A carta, de grande circulação na Internet, afirma que os preços da Dugongo estão a prejudicar seriamente os negócios das outras empresas e constituem “concorrência desleal”.

A mensagem diz que, quando a Dugongo iniciou as suas operações em Março, os seus preços eram ligeiramente inferiores aos dos seus concorrentes, mas depois a empresa baixou os seus preços em quase 50 por cento. “Querem retirar todos os seus concorrentes do mercado”, lê-se a queixa na carta.

Os utilizadores de cimento de construção, acrescenta, deixaram de comprar a outras empresas, e estão à espera de mais reduções de preços por parte da Dugongo.

Acontece também que a empresa é o único produtor moçambicano de clínquer, uma matéria-prima chave para o cimento. As outras empresas têm assim de comprar o seu clínquer à Dugongo, ou importá-lo.

A carta afirma que a Dugongo está a violar a legislação moçambicana sobre concorrência, e termina com um apelo à intervenção do governo. As práticas, alegadamente estão a “restringir a concorrência”, porque é “praticamente impossível” que outras empresas concorram com os preços praticados pela nova empresa de cimento.

A carta exorta o governo a multar a Dugongo, e “a agir imediatamente para impedir esta queda brusca dos preços do cimento”. Apela a “um consenso geral sobre os preços do clínquer e do cimento” – por outras palavras, as empresas querem que o governo se sobreponha ao mercado livre e fixe os preços do cimento.

A maior empresa cimenteira do país, a Cimentos de Moçambique, de propriedade portuguesa, não assinou a carta. Aparentemente, não se sente ameaçada pela Dugongo.

De acordo com a edição de sexta-feira da revista independente “Mediafax”, algumas das empresas que assinaram não produzem efectivamente cimento. Limitam-se a comprá-lo a outras empresas, ensacá-lo, colocar as suas próprias etiquetas nos sacos, e vendê-lo a preços elevados.

A julgar pela avalanche de comentários sobre os meios de comunicação social moçambicanos, os consumidores apoiam esmagadoramente a Dungongo e opõem-se ao cartel formado pelas outras empresas. Durante anos os consumidores queixaram-se de que o cartel do cimento não oficial manteve os preços artificialmente elevados, e por isso estão muito contentes por uma nova empresa estar a quebrar fileiras e a reduzir os preços.

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