A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) pretende passar de simples parceira para operadora no sector do petróleo e gás em Moçambique, assumindo a liderança em projectos de exploração e produção.
Segundo a PCA da ENH, Ludovina Bernardo, a mudança de posição estratégica visa reforçar o papel da empresa na cadeia de valor e aumentar o controlo sobre os recursos nacionais.
Falando na sexta-feira (08), durante uma reunião com os membros do Conselho de Administração, no distrito de Matutuine, província de Maputo, a responsável explicou que o objectivo é definir um plano estratégico ambicioso que permita à empresa avançar para a operação directa de projectos no País.
Actualmente, a ENH participa como accionista em cerca de dez concessões de hidrocarbonetos, representando os interesses do Estado. As suas participações variam entre 10% e 40% nas diferentes fases da pesquisa e produção, mas a gestão dos projectos permanece nas mãos de multinacionais estrangeiras.

Entre os principais operadores encontram-se a TotalEnergies, responsável pelo projecto Mozambique LNG-Área 1, a ENI, que gere o Coral Sul FLNG-Área 4, e a ExxonMobil, operadora do Rovuma LNG. A PCA da ENH, citada pela AIM, considera que chegou a altura de mudar este cenário.
“Temos de começar a posicionar-nos na indústria de petróleo e gás como operadores. Queremos operar e, se tudo correr bem, em breve partilharemos os resultados dos primeiros passos nessa direcção”, afirmou a responsável, sublinhando que a ambição é sustentada por um plano de negócios com horizonte superior a cinco anos.
Segundo Ludovina Bernardo, o novo plano prevê criar uma carteira de projectos para capitalizar o gás natural atribuído nos empreendimentos da bacia do Rovuma. Para a dirigente, estas reservas representam uma oportunidade estratégica para desenvolver a indústria nacional e impulsionar o fornecimento de gás doméstico, fomentando iniciativas de transformação local e geração de valor económico.
A ENH já detém participações na Central de Processamento de Pande e Temane, na província de Inhambane, e em projectos de gasodutos. Actua também como agregadora e comercializadora de gás natural, com rede de distribuição canalizada de 65 quilómetros em Maputo e Marracuene, e projecta transportar gás, petróleo e condensado por via marítima e terrestre, incluindo operações transfronteiriças.