Em um mercado desafiador e dominado por estereótipos de género, Fausia Gonçalves se destaca como exemplo de perseverança no sector de transporte. Empreendedora de sucesso, ela busca constantemente a evolução. Em sua participação no programa Be Like a Woman, Fausia tem encontrado novas formas de expandir os seus horizontes, fortalecer a sua rede de contactos e aplicar práticas inovadoras no seu negócio.
Profile Mozambique: Como define o programa Be Like a Woman?
Fausia Gonçalves: Eu vejo o Be Like a Woman como um programa transformador, voltado para o empoderamento das mulheres em diversas áreas. Ele oferece não apenas capacitação técnica, mas também a mentoria e uma rede de apoio essencial. O programa vai além do aprendizado de habilidades, sendo um espaço que fomenta a criação de uma comunidade onde as mulheres podem se apoiar mutuamente, se desafiar e crescer juntas.
PM: O que a motivou a concorrer ao programa como mentorada em 2024?
FG: A minha decisão de participar do programa Be Like a Woman, foi motivada pela necessidade contínua de crescimento e evolução, tanto no aspecto pessoal quanto no profissional. Actuo no sector de transporte, um ramo particularmente desafiador, que ainda é maioritariamente dominado por homens. Este cenário, por si só, exige que eu esteja constantemente me adaptando e buscando formas de me destacar.
O Be Like a Woman oferece exactamente o que preciso: network, aprendizagem, partilha e acesso a mulheres extraordinárias, que podem me ajudar a expandir os meus horizontes, além de me proporcionar uma visão mais ampla. Posso dizer de forma sumária que estava em busca de um espaço de troca genuína, onde a sinergia entre as participantes permita não só a partilha de conhecimentos, mas também o fortalecimento de cada uma de nós em busca de crescimento.
PM: Quais são os principais desafios que tem enfrentado em sua jornada como empreendedora?
FG: Como mulher, um dos principais desafios que enfrento é, muitas vezes, ser exigida a provar que domino o meu trabalho, simplesmente por ser mulher. Em um sector como o meu, que é predominantemente masculino, sou constantemente desafiada a demonstrar minha competência e conhecimento, algo que, frequentemente, não ocorre com os homens.
Esse processo constante de ter que “provar” o meu valor, de passar por testes de aceitação e de lidar com os estereótipos de género, é algo que muitas mulheres enfrentam no mundo dos negócios. Há uma expectativa de que, por sermos mulheres, temos que nos mostrar mais preparadas, mais competentes, ou até mais resilientes para conquistar o mesmo reconhecimento que os homens.
PM: Como a sua participação no programa Be Like a Woman tem impactado o seu negócio?
FG: A minha participação no Be Like a Woman tem gerado um impacto, especialmente em áreas-chave como o fortalecimento da minha força, a abertura para novos mercados e a implementação de práticas mais inovadoras. Ao longo do programa, apesar das limitações impostas pela tensão política que se vive no país, tenho estado a adquirir ferramentas eficazes para a gestão empresarial e alguns elementos essenciais de uma condução estratégica de negócios, como a importância do investimento em capacitação para os colaboradores e a partilha dos valores da empresa com a equipa.
Além disso, a troca de experiências com outras mulheres do programa tem sido uma fonte constante de inspiração. A interacção com mulheres de diferentes áreas tem me permitido adoptar a novas perspectivas, o que me deixa mais confiante.
PM: Que conselho daria para as mulheres que desejam entrar em um ramo de negócios desafiador?
FG: O conselho que eu daria é, sem dúvida, o de nunca desistir, mesmo diante das dificuldades. Vou dar um exemplo: “o eucalipto demora a crescer, mas quando cresce, se torna resistente e sólido”. Assim como essa árvore, o início de uma trajectória no mundo dos negócios é muitas vezes desafiador e exige paciência, mas é importante entender que esse tempo de crescimento é essencial para que, quando chegarmos à maturidade, possamos enfrentar qualquer obstáculo com firmeza. No entanto, não podemos parar quando começamos a ver os resultados.
O sucesso não vem de imediato, e é essencial persistir. A perseverança é o que transforma os desafios em oportunidades e aprendizado. Por fim, é importante entender que o caminho será cheio de altos e baixos, mas cada dificuldade enfrentada traz lições. A chave está na resiliência, na adaptação constante às mudanças do mercado.