A economia moçambicana aumentou as necessidades líquidas de financiamento externo em mais de 100 por cento, tendo registado um défice conjunto da conta corrente e de capital em torno de 516,9 milhões de dólares, avança o Banco de Moçambique.
De acordo com os dados preliminares da Balança de Pagamentos (BoP), referentes ao segundo trimestre de 2023, este resultado deveu-se, essencialmente, à deterioração do défice da conta corrente (CC), em mais de 100 por cento, tendo se fixado em 520,9 milhões de dólares.
Em termos acumulados, o défice conjunto da conta corrente e de capital reduziu em 79,1 por cento, tendo-se fixado em 1 095,9 milhões da moeda norte-americana, devido, principalmente, à diminuição em 78,3% do saldo negativo da CC.
A deterioração do défice registada na CC reflecte, fundamentalmente, o incremento do saldo negativo da conta de bens em 99,4 por cento, justificado pela redução das exportações realizadas pelos grandes projectos (GP) em 191,7 milhões de dólares, associado ao aumento dos défices das contas de rendimentos primários e de serviço, em mais de 100 por cento e 20,8 por cento, respectivamente.
Ainda assim, o incremento dos défices das contas de rendimentos primários e serviços, deveu-se as operações realizadas pelos GP.
Fluxo de recursos no financiamento
A conta financeira registou um influxo de recursos em torno de 773,6 milhões de dólares, representando um acréscimo de 651,1 milhões, face a igual período de 2022.
Em causa está o aumento dos fluxos financeiros tanto na categoria de Investimento Directo Estrangeiro (IDE), como na categoria de Outros Investimentos em 506,9 milhões e 147,7 milhões de dólares, respectivamente.
O défice conjunto das CC e Capital foi financiado pelos influxos da conta financeira, facto que concorreu para o registo de um saldo global da BoP superavitário de 257 milhões de dólares.
Situação da dívida
Assim sendo, posição devedora líquida de Moçambique, em relação ao resto do mundo fixou-se em 69 231,9 milhões de dólares, o que representa um agravamento de 0,2 por cento.
“O incremento da posição de passivos externos em 2%, para 85 929,9 milhões, num contexto em que os activos detidos no exterior cresceram em 10,4 por cento, totalizando 16 698,1 milhões de dólares, são disso a causa”, reforça o Banco de Moçambique.



