Quinta-feira, Janeiro 30, 2025
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Glayds Gande: “O Be Like a Woman empodera mulheres para liderar”

Profile Mozambique: A Ernst & Young Global Limited., é a entidade por detrás da implementação deste programa. O que motivou a empresa a desenvolver esta iniciativa?

Glayds Gande: A motivação da EY para implementar o programa Be Like a Woman está profundamente alinhada com os valores da empresa. Um dos principais lemas que orienta a EY é o compromisso de ajudar a “construir um mundo melhor de negócios”. Para a EY, isso significa promover um ambiente de negócios mais inclusivo, onde todos, independentemente de género ou outras variáveis, tenham as mesmas oportunidades para crescer e desenvolver.

Por outro lado, percebemos que, no caso de Moçambique, apesar de já existirem programas de capacitação para mulheres, muitos deles são voltados para aquelas que estão no início da carreira ou na fase inicial de seus negócios. Porém, quando essas mulheres atingem um estágio mais avançado, onde precisam doutro tipo de ferramentas para o próximo nível, percebemos uma quase inexistência de programas para efeito. Adicionalmente, percebemos existirem poucas mulheres no país que ocupam posições de liderança de topo, quer como, como PCAs, PCEs de grandes empresas, ou até mesmo mulheres que sejam donas de grandes empresas.

O programa Be Like a Woman foi criado neste domínio. Nosso objectivo é oferecer ferramentas e recursos para mulheres que já estão no mercado, seja em posições de liderança intermédia nas corporações ou empresárias de média dimensão, para que elas possam avançar para o próximo nível, oferecendo-lhes ferramentas para que facilmente possam ascender aos Conselhos de Administração de grandes corporações ou liderar grandes empresas. A proposta é desenvolver um ecossistema, tanto local quanto internacional, que capacite e facilite a participação das mulheres no universo corporativo, e, para que a sociedade veja como algo comum uma mulher alcançar esses níveis.

PM: Qual é a visão da EY sobre o impacto do programa?

GG: Considero ser prematuro avançar números ou resultados específicos sobre o impacto do programa, especialmente porque a primeira edição do programa terminou recentemente e a segunda edição está ainda em curso e também porque pela natureza do programa, consideramos que o seu impacto será visível a médio e longo prazo. Entretanto, já existem alguns exemplos que podem demonstrar o início desse impacto na vida das beneficiárias.

Por exemplo, temos relatos de participantes que ascenderam em suas carreiras, como o caso da Winnie Makande que, após participar do programa, passou de Consultora Sénior para a posição de Directora-Geral da instituição em que trabalha, que segundo ela, as ferramentas oferecidas no programa, como liderança, negociação, imagem pessoal, tiveram um papel importante nesta realização.

Além disso, o programa também foi construído para ajudar as empreendedoras e as profissionais a expandirem para novos mercados fora de Moçambique e pensem globalmente. Um exemplo disso é uma empresária, a Anna Sousa que, depois do programa o seu negócio passou a operar não só em Moçambique, mas também em Portugal.

Outro impacto relevante é o fortalecimento do Networking entre as participantes. Muitas estão a estabelecer parcerias e realizar negócios entre si ou com nossos parceiros. Na segunda edição, uma das participantes, Euritz Uamusse, conseguiu assinar um Memorando de Entendimento com a instituição onde outra participante trabalha. Assim, os colaboradores dessa instituição poderão adquirir os produtos da empresa dela com desconto.

PM: Quais são os principais desafios da implementação do Be Like a Woman?

GG: A jornada tem sido bastante interessante e recompensadora. No entanto, o principal desafio actualmente reside no nível de aceitação e aderência ao programa, o que limita o nível de cobertura face a procura.

Na primeira edição, a meta inicial era ter 25 participantes, mas acabamos com um total de 38. Na segunda edição, estabelecemos um limite máximo de 35 participantes, mas acabamos aceitando 57 e mesmo assim, algumas mulheres com grande potencial não puderam ser incluídas. Este é um desafio pois o número de mulheres qualificadas excede o número de vagas disponíveis e devido ao caráter dedicado e personalizado do programa, que inclui mentoria e acompanhamento individual.

PM: A questão da limitação de participantes foi observada tanto na primeira quanto na segunda edição do programa, e provavelmente se repetirá na terceira edição. Existe algum plano para reverter esse cenário?

GG: Infelizmente, esta limitação poderá persistir na terceira edição do programa devido à natureza do Be Like a Woman, que confere acompanhamento personalizado às participantes. Alargar mais do que fizemos nesta segunda edição, não é viável pois comprometeria a qualidade do programa e não pretendemos abrir mão da qualidade. No entanto, para mitigar esta limitação, implementamos a iniciativa Be Like a Woman Gives Back, direccionada às comunidades.

Nesta iniciativa, as participantes do programa a partilham o conhecimento adquirido com as pessoas ao seu redor, quer na esfera profissional quer social, criando um impacto maior em suas redes através de desafios que são criados pelo programa, para garantir a replicação de conhecimento.

Além disso, temos parcerias estratégicas, como a colaboração com a rádio Indico, onde as participantes passam de forma regular pela rádio para partilhar as diferentes temáticas que são abordadas no programa. Desta forma, deixam de ser apenas a EY e a New Faces New Voices, mas também as próprias participantes ajudam a construir um mundo melhor de negócios e mais inclusivo.

Outra parceria é com a Girl Move, onde as participantes têm a oportunidade de se tornarem mentoras das participantes das iniciativas deste programa que apoia mulheres em início de carreira. Portanto, o desafio da 3ª edição vai ser continuar a arranjar alternativas para que a comunidade seja envolvida e já nesta edição temos também parcerias com a UNWomen e algumas ONGs locais para ajudar neste domínio.

Outro aspecto que estamos a considerar para as futuras edições é a criação de uma rede de ex-participantes, onde todas as participantes das edições anteriores possam continuar a interagir, colaborar e crescer juntas. Esta rede permitirá um suporte contínuo e a troca de experiências e conhecimentos adquiridos, fortalecendo ainda mais os laços e a comunidade criada pelo programa.

Estamos optimistas de que, com essas estratégias e parcerias, conseguiremos continuar a proporcionar um impacto positivo e duradouro na vida das mulheres que passam pelo Be Like a Woman.

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