Domingo, Dezembro 22, 2024
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Há oportunidades no sector mineiro em Moçambique, Geert Klok explica os detalhes

Moçambique é um dos importantes exportadores mundiais de minérios de grande valor, como o carvão mineral, grafite e rubis, o que acresce ainda mais os desafios do país no mercado global das pedras e metais preciosos.

Enquanto somam-se ganhos no sector mineiro nacional, também se multiplicam perspectivas sobre o futuro desta indústria numa altura em que o planeta tenta harmonizar os desafios energéticos e a exploração de minérios.

É que a ambição do país e o mundo em transitar para energias limpas, exige a produção em quantidade, de metais que facilitarão a transição almejada. O grafite é um dos minérios considerados fundamentais, para a concretização deste objectivo e Moçambique é, agora, uma das fontes desta matéria-prima.

Razões mais que suficientes para sabermos como estamos e para onde vamos. A resposta disso virá de uma personalidade bem entendida na matéria e um dos importantes actores do sector mineiro no país. Chama-se Geert Klok, Presidente da Câmara de Minas de Moçambique (CMM).

Nas próximas linhas, o leitor poderá saber, ao detalhe, em torno do contributo e os desafios desta indústria e, não menos importante, sobre a agremiação que acopla as empresas mineiras que actuam em território nacional.

60 mineradoras inscritas na CMM

Fundada em 2012, a CMM contabiliza um total de 60 mineradoras inscritas na sua base de dados e as mesmas são membros integrantes da agremiação. Estas variam entre mineradoras de pequena escola, cooperativas, associações e megaprojectos.

De acordo com Geert Klok, a Câmara de Minas de Moçambique representa as empresas do ramo, factor que facilita a aproximação das empresas ao Governo e vice-versa, incluindo com diversas instituções que actuam lado a lado do sector.

Todos estes representam 88 por cento do volume de produção da indústria mineira formal no país. Klok entende que esta percentagem é um claro indicador de que o sector mineiro em Moçambique é um dos importantes “braços” do desenvolvimento económico do país.

“A Câmara das Minas de Moçambique integra, como podemos ver, a grande maioria da cadeia de valor das minas. Ela estabelece parcerias entre diversos actores que actuam na cadeia de valor da mineração de dentro e fora de Moçambique”, esclareceu Geert Klok.

O dirigente da CMM acredita que a parceria entre as mineradoras nacionais e os “players” internacionais é fundamental, na iniciativa de transferência de experiências adequadas para a transformação e desenvolvimento do sector no país.

Sector mineiro responsável por 30% de exportações

O sector mineiro no país e no mundo foi severamente afectado pelos impactos da pandemia da COVID-19, que se fez sentir nos últimos dois anos.

Com a eclosão do vírus, as modalidades do comércio mundial ficaram limitadas às restrições impostas pela doença. No entanto, Geert Klok observa que o sector já está a recuperar-se das “mazelas” criadas pela pandemia.

O gestor aponta, por exemplo, que a indústria extractiva continua a contribuir com 10 por cento para o Produto Interno Bruto. Essa cifra resulta de um universo de exportações de vários minerais que se situa em torno de 30 por cento.

De acordo com Klok, destaque vai para grafite, uma importante matéria-prima usada para a produção de baterias destinadas a carros eléctricos, seguem os rubis produzidos, por exemplo, pela Montepuez Ruby Mining (MRM) e lítio, que embora esteja na fase inicial de produção, constitui um dos principais minérios que concorrem para a balança de receitas.

“Cada mineral tem a sua dinâmica e os preços de alguns minérios são muito voláteis no mercado internacional. O grafite e o carvão são exemplos disso”.

Sector mineiro estimula desenvolvimento do conteúdo local

As políticas económicas moçambicanas são claras ao acomodar o interesse das empresas nacionais. Uma das formas que o Governo encontrou para incluir as empresas nacionais no desenvolvimento de megaprojectos, foi a criação da Lei do Conteúdo Local, que apesar de não ter sido, ainda, aprovada, várias empresas moçambicanas buscam ser também protagonistas das grandes operações.

Klok observa que o sector mineiro tem demonstrado uma significativa demanda pelos serviços e produtos das empresas locais. Segundo afirmou, o conteúdo local apresenta enormes vantagens para as mineradoras que se encontram espalhadas pelo território moçambicano.

A título de exemplo, o também director geral da GK Ancuabe Graphite Mine, S.A., mineradora que explora grafite no distrito de Ancuabe, na província de Cabo Delgado, afirmou que a aquisição de produtos e serviços pelas empresas locais, reduziria custos que se têm verificado na compra de algumas matérias-primas importadas.

Para Geert Klok, o ideal seria que as empresas nacionais produzissem o material usado pelas empresas mineiras, sobretudo, nas imediações das áreas em que estão instalados os mega-projectos.

“Com a importação é complexo, leva mais tempo para a chegada, então o mais prático é ter o produto por perto. Com esse feito, os preços também seriam mais acessíveis”, apontou o gestor.

O sucesso do modelo dos parques industriais

Segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio (MIC), nos últimos cinco anos, foram aprovados 63 projectos de investimentos, particularmente para a província de Cabo Delgado, num valor total de mais de 402 milhões de dólares americanos, com um potencial para criar 4,943 postos de trabalho.

O destaque vai para os investimentos nos sectores de Serviços, Energia e Indústria. Os projectos em curso nomeadamente Real Moz-afungi, avaliado em 44,958,277 de dólares, Central Solar Metoro (51,921,000) e Montepuez Graphite Processing (35.000.000), são alguns exemplos por citar.

A ideia de estímulo ao conteúdo local corrobora com uma das metas do Executivo moçambicano que visa fomentar e expandir a industrialização no país. Por esse motivo, o Governo estabeleceu, em 2021, o Programa Nacional Industrializar Moçambique (PRONAI: 2021-2035).

O PRONAI, que se destaca como um ambicioso propósito do Governo, tenciona até 2030, melhorar a balança comercial, através da substituição das importações de 0 a 15 por cento, aumentar as exportações de produtos industriais em cerca de 15 por cento, garantir o crescimento sustentado do peso da indústria transformadora e aumentar a contribuição no Produto Interno Bruto (PIB) de 8.5% para 14% e a geração de mais postos de emprego na indústria transformadora em mais de 100 por cento.

Ciente dos desafios da industrialização no país, a Câmara de Minas de Moçambique identifica-se como um dos agentes catalisadores deste objectivo. Segundo Klok, a agremiação mineira está também a encorajar iniciativas de género visando a implantação de parques industriais junto das mineradoras existentes no país.

O empresário fala da importância, por exemplo, da implantação do Parque Industrial de Topuito (PIT), inaugurado em Junho passado, no distrito de Moma, província de Nampula. Erguida sob uma parceria entre a MozParks e a mineradora Kenmare, o PIT funciona como a âncora desta empresa mineira que explora areias pesadas naquele ponto do país.

“A ideia é levar os serviços através dos parques industriais próximos às empresas mineiras. Vimos o sucesso do Parque Industrial de Beluluane e agora de Topuito. A nossa expectativa é que mais empreendimentos desta natureza se estabeleçam com sucesso”, expressou Klok.

Responsabilidade em prol das comunidades

É imprescindível que os megaprojectos, onde estiverem instalados, desenvolvam iniciativas que visem apoiar às comunidades locais. Aliás, os contratos que os grandes projectos rubricam com o Governo preveem que assim seja.

Klok refere que o sector que representa toma em consideração este aspecto e aponta que a sua agremiação estimula às empresas a pautar por acções sociais, para permitir que as populações beneficiem da presença dos grandes empreendimentos.

“Há empresas que têm, por exemplo, projectos agrícolas, ao fornecerem insumos, inclusive ajudam com técnicas de melhoramento de produção agrícola”, afirma Klok.

Além disso, o empresário aponta também para a melhoria da renda familiar que as empresas têm ajudado a gerar, ao contratar trabalhadores locais. Geert Klok observa, entretanto, que a agremiação vai continuar a fomentar este tipo de iniciativas a bem das pop

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