O primeiro-ministro Adriano Maleiane revelou nesta terça-feira, 30 de Julho, que o Banco de Comércio e Desenvolvimento da África Oriental e Austral (TDB) já desembolsou um total de 7 mil milhões de meticais (108,5 milhões de dólares) para estimular a exploração de gás natural liquefeito (GNL) na Bacia do Rovuma, localizada na província de Cabo Delgado.
De acordo com Maleiane, esta verba pretende não só fomentar a criação de mais postos de trabalho no sector, mas também impulsionar a arrecadação de receitas, permitindo investimentos adicionais em infra-estruturas e serviços públicos. “A descoberta do gás em Moçambique trouxe inúmeras vantagens, tornando o País mais atractivo para os investidores internacionais que procuram por mais oportunidades”, afirmou o governante.
Além do financiamento para a área de GNL, o TDB também tem concedido fundos para outros sectores como agricultura, energia, transporte, logística e o fomento, processamento e exportação de cereais em grãos, destacando-se a castanha de caju, milho e gergelim.
Maleiane destacou ainda os desafios causados pelas mudanças climáticas extremas e os conflitos geopolíticos, especialmente na Ucrânia e na Palestina, mas reforçou o empenho do Executivo em desdobrar-se junto a outras instituições financeiras para alavancar o crescimento económico do País.
As receitas provenientes da exportação de gás natural por Moçambique registaram um crescimento significativo de 30% no primeiro trimestre de 2024, atingindo 28 mil milhões de meticais (443 milhões de dólares), conforme dados do Banco de Moçambique (BdM). Este aumento contrasta com os 21,5 mil milhões de meticais (340,9 milhões de dólares) registados no mesmo período de 2023.
Segundo o BdM, o crescimento das receitas do gás natural deve-se ao aumento do volume exportado, associado ao início da exploração e exportação do gás da Área 4 da Bacia do Rovuma, apesar da queda de 43,5% no preço médio no mercado internacional.
Moçambique possui três projectos de desenvolvimento, aprovados para a exploração das reservas de gás natural da Bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo e situadas ao largo da costa da província de Cabo Delgado. Dois destes projectos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, onde será liquefeito para exportação marítima.
Um destes projectos é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1), cujas obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado após um ataque armado a Palma, em Março de 2021. A TotalEnergies declarou que só retomará os trabalhos quando a zona for segura. O outro grande projecto, ainda sem previsão de início, é liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
O terceiro projecto, de menor dimensão e já concluído, também pertence ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação directa no mar, que iniciou operações em Novembro de 2022.