O panorama económico de Moçambique no início de 2025 encontra-se numa encruzilhada importante. Os desafios provocados por eventos climáticos, a instabilidade política e as pressões externas têm potencial para limitar o crescimento económico. Por outro lado, surgem oportunidades estratégicas que, quando bem aproveitadas, podem transformar os sectores chave e atrair investimentos de longo prazo.
Contexto económico
Moçambique atravessa um período de desaceleração económica. O Governo projecta um crescimento de 4,7% em 2025, inferior aos 5,5% estimados para 2024. Esta redução reflecte o impacto de várias dinâmicas, incluindo:
- Sector extractivo: Atingiu a sua capacidade máxima em determinados projectos, reduzindo o contributo ao crescimento económico.
- Sector agrícola: Enfrenta desafios resultantes do fenómeno climático ‘La Niña’, com chuvas intensas que comprometem a produção agrícola e a estabilidade alimentar.
- Sector de transportes e comunicações: Prejudicado por infra-estruturas danificadas devido a condições climáticas adversas.
Adicionalmente, a violência e instabilidade pós-eleitoral estão a criar um ambiente menos propício ao investimento interno e externo, exacerbando os desafios para o governo e o sector privado.
Impacto dos fenómenos climáticos
O ‘La Niña’, fenómeno que influencia os padrões de chuva em várias regiões do mundo, desempenhará um papel central no primeiro trimestre de 2025:
- Regiões afectadas: As regiões centro e sul são as mais vulneráveis, com riscos elevados de inundações.
- Produção agrícola: A produção de culturas de subsistência, como milho e mandioca, e de exportação, como o açúcar, poderá sofrer perdas significativas.
- Resposta governamental: Planos para reforçar as infra-estruturas resilientes aos desastres climáticos ainda estão em fase inicial, deixando o país vulnerável.
Segundo o Banco Mundial, cerca de 70% da população depende da agricultura, o que amplifica o impacto directo na segurança alimentar e na economia rural.
Pressões inflaccionárias e desafios políticos
A inflação, projectada para 5,4% em 2025, deverá ser impulsionada por uma combinação de:
- Escassez de produtos: Resultante das dificuldades na cadeia de abastecimento causadas por infraestruturas danificadas.
- Impactos políticos: As tensões pós-eleitorais estão a criar incertezas no mercado, reduzindo a confiança dos investidores e aumentando os custos de operação.
- Aumento do preço de importações: Dada a dependência de bens essenciais vindos do exterior, qualquer flutuação cambial ou aumento de custos logísticos terá impacto directo nos preços locais.
Esta inflacção compromete a capacidade de compra das famílias e aumenta a pressão sobre empresas que dependem de insumos importados.
Oportunidades estratégicas de investimento
Embora o cenário actual apresente riscos, existem sectores com potencial para atrair capital e impulsionar o crescimento:
Energia e Gás Natural
O gás natural liquefeito (GNL) continua a ser o principal motor do investimento estrangeiro em Moçambique:
- Projectos em crescimento: Com empresas internacionais a explorar novas bacias, prevê-se um aumento de exportações nos próximos anos.
- Parcerias público-privadas: Há uma oportunidade para parcerias que melhorem a eficiência e a transparência nos processos de exploração.
Infra-estruturas
O investimento em infraestruturas resilientes aos desastres naturais é crucial:
- Sector ferroviário e portuário: Melhorar a capacidade logística, especialmente nas exportações de carvão e minerais.
- Reconstrução pós-desastre: Projectos de reconstrução de pontes e estradas danificadas têm grande potencial para atrair financiamentos multilaterais.
Agricultura sustentável
Dada a importância do sector agrícola, projectos que promovam a resiliência climática estão em destaque:
- Sistemas de irrigação: Investimentos em tecnologias que reduzam a dependência da chuva.
- Culturas de alto valor: Apostar em produtos como o caju e o algodão, que possuem alta procura no mercado internacional.
Perspectivas de financiamento e políticas de atracção
Para garantir um ambiente atractivo aos investidores, o Governo está a trabalhar em medidas específicas:
- Reformas fiscais: Simplificar os processos para investidores estrangeiros e reduzir a burocracia.
- Incentivos específicos: Ofertas de isenções fiscais para investimentos em zonas economicamente desfavorecidas.
- Estabilidade política: Esforços contínuos para mitigar os efeitos das tensões pós-eleitorais, garantindo um ambiente seguro para negócios.
Nota conclusiva
O primeiro trimestre de 2025 será decisivo para Moçambique. Enquanto os desafios se acumulam, as oportunidades em sectores estratégicos mostram que o país tem potencial para superar os obstáculos.
A chave será a capacidade de alinhar esforços do Governo, sector privado e parceiros internacionais, promovendo um crescimento económico sustentável e inclusivo. Os investidores interessados devem permanecer atentos às dinâmicas locais e globais, adoptando estratégias que equilibrem os riscos e as recompensas.