A empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) deverá vender os aviões da marca Embraer, adquiridos no Brasil, com o objectivo de uniformizar a sua frota.
A medida foi avançada recentemente ao “Notícias” pelo administrador do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE), Raimundo Matule, e, segundo ele, visa melhorar o desempenho e minimizar os custos operacionais da companhia de bandeira.
A medida foi avançada recentemente ao “Notícias” pelo administrador do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE), Raimundo Matule, e, segundo ele, visa melhorar o desempenho e minimizar os custos operacionais da companhia de bandeira.
Reconhecendo que a empresa enfrenta problemas estruturais que acabam por afectar a gestão, Matule justificou que não faz sentido que uma companhia pequena como a LAM esteja a voar com aviões de três a quatro marcas diferentes.
Sobre os Embraer, cuja aquisição ocorreu há quase dez anos, o administrador do IGEPE escusou-se a discutir o mérito da sua compra no tempo em que ela ocorreu, deixando, contudo, uma garantia: “Estes aviões estão tecnologicamente ultrapassados”.
Acrescentou que a própria Embraer lançou depois dos modelos fornecidos à LAM mais dois modelos. “Portanto, a LAM não pode pensar no futuro com os Embraer e, pelo que sei, já está a tentar vendê-los”, disse.
Na ocasião, Matule justificou que uma operação com várias marcas, como o faz a LAM, acarreta custos extremamente elevados, tanto sob vista de manutenção como de aquisição de peças.
Explicou que a estratégia passa por deixar a empresa a operar, no máximo, com dois tipos de aviões, mas nunca mais do que isso.
“Se fosse possível operar apenas com uma marca, nós avançamos para essa estratégia, mas está visto que devido às condições do próprio país não podemos operar uma marca”, referiu. Para defender esta tese, o gestor sénior do IGEPE deu o exemplo de Vilankulo, onde a pista é bastante curta, o que não permite a aterragem de um Boeing 737.
“Então, a primeira marca que vai ficar é o Boeing, para as pistas mais longas, e para as mais curtas vai-se operar com o Q-400. Isto significa que a LAM vai passar, gradualmente, a operar com essas duas marcas”, explicou.
Raimundo Matule não se referiu a números, mas deixou claro que esta redução da frota traz grande racionalização de custos, desde a aquisição de peças até à especialização dos trabalhadores, que passarão a concentrar-se em apenas duas marcas.
Adiantou ainda que o Q-400, para as distâncias médias, é mais eficiente em termos de gastos de combustíveis e custos operacionais.
Lembre-se que, para manter a companhia de bandeira a voar, o IGEPE injectou no ano passado cerca de 700 milhões de meticais. É que, devido à crise originada pela pandemia da Covid-19, as receitas da empresa caíram a pique, um cenário que ainda não tem fim à vista, pelo menos enquanto a situação pandémica e as restrições dela decorrentes persistirem.
Mesmo diante deste cenário, Matule considerou que, neste momento, a privatização da LAM está fora de hipótese, até porque a companhia tem uma missão estratégica para manter o país sempre ligado, via aérea, mesmo nas situações em que algumas províncias não oferecem rotas economicamente viáveis.