O FDH Bank, do Maláui, confirmou ter concluído a aquisição do Ecobank Moçambique, que passa a liderar, com uma quota de 98,87%, conforme informação enviada à bolsa de valores daquele país, noticiou neste domingo (28) a Lusa.
De acordo com a informação, o banco FDH concluiu a compra da totalidade da participação do grupo pan-africano Ecobank na instituição, enquanto a posição minoritária restante de 1,13% continuará a ser detida pelo Fundo para o Fomento de Habitação, do Estado moçambicano.
O processo de transição em curso, explica ainda o FDH na mesma informação enviada à Bolsa de Valores de Maláui, inclui “uma mudança de nome e reformulação da marca, para garantir continuidade e estabilidade para clientes, funcionários e outras partes interessadas”.
“Esta aquisição representa um marco significativo na estratégia de crescimento regional do FDH Bank Plc e reafirma o forte compromisso do banco em investir na África Austral. Espera-se que ofereça benefícios estratégicos, incluindo expansão de mercado, diversificação de receita, sinergias operacionais e criação de valor a longo prazo”, lê-se ainda.
A intenção de vender a participação foi oficialmente anunciada em 5 de Agosto pelo Ecobank, considerado principal grupo privado de serviços financeiros no continente, presente em 35 países da África Subsaariana.
“Esta transacção representa uma alteração estratégica na estrutura accionista e na gestão operacional, não se prevendo qualquer perturbação nas operações bancárias, activos ou colaboradores”, referia então a instituição financeira pan-africana.
Sem adiantar detalhes do investimento envolvido, tal como não foi feito pelo FDH na informação à bolsa, o grupo acrescentava que a transacção “obteve todas as aprovações regulatórias necessárias”.

O Ecobank operava até agora com agências nas principais cidades de Moçambique, desde 2000, tendo sido inicialmente constituído como Novo Banco, adoptando a designação actual em 2014, na sequência da aquisição então feita pelo grupo pan-africano.
Citado no comunicado de Agosto, o director-executivo do grupo Ecobank, Jeremy Awor, justificou a saída do banco em Moçambique como sendo uma decisão que “está alinhada” com a “estratégia de crescimento, transformação e retorno”.
O grupo Ecobank emprega mais de 14 mil colaboradores em África, contando com mais de 32 milhões de clientes, segundo dados da instituição
“Enquanto instituição financeira pan-africana, avaliamos continuamente as nossas operações para impulsionar um crescimento sustentável, mantendo sempre a nossa missão de promover a integração financeira e o crescimento económico em África”, acrescentou, garantindo que a venda da participação em Moçambique foi “cuidadosamente ponderada”.
“Apesar da alteração da nossa presença directa em Moçambique, o nosso compromisso com a integração financeira pan-africana e com o desenvolvimento económico do continente mantém-se mais forte do que nunca”, concluiu.
O grupo Ecobank emprega mais de 14 mil colaboradores em África, contando com mais de 32 milhões de clientes, segundo dados da instituição.
Em Moçambique existem actualmente activos 15 bancos comerciais e 12 microbancos, além de cooperativas de crédito e organizações de poupança e crédito, entre outras.
FDH Bank reforça presença regional
A aquisição do Ecobank Moçambique pelo FDH Bank representa um passo decisivo na consolidação da sua presença na África Austral, ampliando a sua actuação para além das fronteiras malauianas e posicionando-o como um novo protagonista no espaço da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Com esta operação, deixa de ser um banco restrito ao mercado do Maláui para se afirmar também em Moçambique, um dos mais relevantes e diversificados sistemas bancários da região. A entrada neste mercado abre caminho a futuras expansões dentro da SADC, permitindo explorar sinergias, parcerias estratégicas e uma maior integração de serviços financeiros entre países vizinhos. A presença em Moçambique cria ainda condições para servir, de forma mais competitiva, clientes corporativos e de retalho com operações transfronteiriças, comércio internacional e soluções financeiras inovadoras.
Fortalecimento competitivo
Ao assumir uma estrutura já operacional e com reconhecimento de mercado, o FDH Bank posiciona-se para disputar espaço com grandes players regionais e multinacionais, como Standard Bank, Absa e Nedbank, que já actuam em vários mercados da SADC. Esta expansão surge com a ambição de reforçar a capacidade de financiamento de projectos regionais, sobretudo em sectores estratégicos como o agro-negócio, energia, infra-estruturas e pequenas e médias empresas (PME).
Em síntese, a aquisição do Ecobank Moçambique marca a transformação do FDH Bank de uma instituição de alcance nacional para um banco regional, ampliando a sua relevância e capacidade de competir no sector financeiro da África Austral, ao mesmo tempo que se prepara para novas etapas de crescimento dentro da SADC.



