O Ministro de Recursos Minerais e Energia de Moçambique, Estevão Pale, vai marcar presença na Semana da Energia Africana 2025 (AEW 2025), que decorrerá de 29 de Setembro a 3 de Outubro, na Cidade do Cabo, África do Sul. Durante o evento, o governante liderará a sessão “Investir nas Energias de Moçambique”, onde irá apresentar aos investidores internacionais os principais avanços nos projectos de gás natural liquefeito (GNL), exploração de recursos e desenvolvimento de infra-estruturas energéticas. A participação de Moçambique nesta plataforma estratégica surge no momento em que o país procura consolidar a sua posição como fornecedor global de gás, aproveitando as reservas significativas que possui na Bacia do Rovuma, estimadas em mais de 150 trilhões de pés cúbicos.
O país tem registado progressos relevantes em vários projectos offshore de GNL. O projecto Coral Sul FLNG, liderado pela Eni e situado na Área 4 da Bacia do Rovuma, iniciou a produção em 2022 e, em 2024, registou a marca de cinco milhões de toneladas produzidas desde o arranque. No mesmo âmbito, o Coral Norte FLNG, também sob liderança da Eni e aprovado em Abril de 2025, deverá complementar a capacidade da unidade Coral Sul, com produção estimada de 3,5 milhões de toneladas por ano e início das operações previsto para 2028. A entrada da Abu Dhabi National Oil Company na concessão da Área 4, através da aquisição da participação da Galp, reforça o compromisso internacional com o desenvolvimento deste projecto.
Paralelamente, a ExxonMobil, em parceria com a Eni, lidera o desenvolvimento do projecto Rovuma LNG, também na Área 4, com uma capacidade prevista de 18 milhões de toneladas por ano. A decisão final de investimento está prevista para 2026, e a primeira produção deverá ocorrer em 2030, aumentando significativamente a capacidade de liquefacção de Moçambique. Por outro lado, o projecto Mozambique LNG, liderado pela TotalEnergies na Área 1 da Bacia do Rovuma, é orçado em 20 mil milhões de dólares e contempla duas unidades de liquefacção com capacidade de 13 milhões de toneladas por ano. Apesar de alguns atrasos provocados por riscos operacionais, o projecto conta com financiamento sénior de 14,9 mil milhões de dólares e retoma das actividades prevista com o apoio global, incluindo um empréstimo de 4,7 mil milhões de dólares reaprovação pelo Export-Import Bank dos Estados Unidos em Março de 2025.
Para além do gás natural, Moçambique tem reforçado a sua aposta em energias renováveis, aproveitando o potencial hídrico já consolidado no país, bem como expandindo projetos solares e eólicos, com a meta de atingir 20% da matriz energética até 2040. Está também em desenvolvimento uma central de gás para produção de electricidade em Temane, com 450 MW de capacidade, destinada a melhorar o acesso à energia de baixo custo em várias regiões do país.
A AEW 2025 constitui uma plataforma estratégica para operadores de projectos, investidores, fornecedores de tecnologia e governos, sendo considerada o local oficial para a assinatura de acordos no sector energético africano. A intervenção do Ministro Estevão Pale visa não apenas apresentar o panorama actual dos projectos de GNL e renováveis em Moçambique, mas também fomentar novas parcerias e investimentos, alinhando o país com os objectivos de desenvolvimento sustentável e reforçando a segurança energética na região da África Austral.
Com quatro grandes projectos de GNL em curso e uma estratégia consistente de diversificação da matriz energética, Moçambique posiciona-se como um actor relevante no contexto energético regional, promovendo não apenas o crescimento económico, mas também a inclusão social e o acesso universal a energia segura e sustentável.
Fonte: AECWEEK