A governadora da província central moçambicana de Manica, Francisca Tomás, anunciou que a suspensão da mineração na província aguarda uma decisão final do Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME).
A suspensão temporária das actividades mineiras surge na sequência de denúncias da população local, que tem vindo a queixar-se da poluição ambiental, em particular da contaminação dos rios provocada pela mineração artesanal. A poluição está a afetar, por exemplo, importantes fontes de água potável, como o rio Revue e a albufeira de Chicamba, causando sérios problemas de saúde pública.
Segundo Tomás, não cabe apenas ao governo provincial tomar essa decisão, “mas gostaríamos de suspender toda a actividade mineira nesta parte do país por tempo indeterminado. É essa a proposta que estamos a apresentar”.
“A poluição dos rios é grave porque ameaça o meio ambiente e a saúde pública. Observamos rios turvos e águas poluídas a afectar o ambiente e a saúde pública. Por isso, devemos unir esforços para combater este mal”, declarou.
A governadora apelou ao apoio de todas as entidades competentes para travar este problema “que está a pôr em risco o meio ambiente e a saúde pública. A sensibilização das empresas, associações de prospectores e outros intervenientes na mineração de ouro deve ser o primeiro passo para interromper a actividade”.
“Estamos a propor a paralisação de todas as actividades por tempo indeterminado, de modo a podermos organizar-nos melhor para uma exploração racional dos recursos minerais, sem prejudicar o meio ambiente e a vida da população”, acrescentou.

De acordo com Tomás, o diálogo deve ser fundamental para mobilizar os mineradores no sentido de controlar o assoreamento e a poluição das águas dos rios.
“O objectivo é garantir uma exploração sustentável e permitir que os leitos dos rios tenham águas limpas, assegurando à população o consumo de água potável. O mercúrio e o cianeto usados na mineração de ouro são arrastados para os rios e colocam em perigo o ambiente e a saúde humana”, explicou.
Pesquisas realizadas pela Universidade Púnguè (UNIPUNGUE) apontam que as águas da albufeira de Chicamba, uma das principais fontes de abastecimento para Chimoio, Manica, Gondola, Messica e outras regiões, encontram-se altamente contaminadas.
Fonte: AIM