A Montepuez Ruby Mining (MRM), maior produtora de rubis de Moçambique, vai triplicar a capacidade de processamento de minério na sua concessão localizada em Cabo Delgado, passando das actuais 200 para 600 toneladas por hora, num investimento avaliado em 61,2 milhões de euros. A iniciativa insere-se na estratégia de expansão da Gemfields, empresa britânica que detém 75% da MRM, sendo os restantes 25% propriedade da Mwiriti, sociedade moçambicana.
A nova unidade de processamento, designada PP2, deverá estar concluída até ao final do primeiro semestre deste ano e representa, segundo fonte oficial da Gemfields, “um projecto crucial para o aumento da produção de rubis premium e geração de receitas adicionais para o grupo até ao final de 2025”.
O investimento de 70 milhões de dólares (equivalentes a 61,2 milhões de euros), excluindo taxas e encargos fiscais, constitui o maior realizado pela Gemfields desde a sua entrada no mercado moçambicano em 2012. Destes, 60 milhões de dólares (52,5 milhões de euros) já foram executados, estando previsto o alargamento do portfólio mineiro até 2026.
A implementação da PP2 permitirá não apenas o processamento simultâneo de maiores volumes de minério, mas também a diversificação da oferta, com rubis em diferentes tamanhos e tonalidades a chegar ao mercado. Além disso, abre margem para futuras expansões noutras áreas da concessão, que ocupa uma superfície de 34.966 hectares.
De acordo com Prahalad Kumar Singh, director-geral da MRM, “o investimento na PP2 é uma demonstração clara do nosso compromisso contínuo com a província de Cabo Delgado, com Moçambique e com as comunidades locais, para as quais a criação de empregos e o desenvolvimento económico são fundamentais”. Actualmente, a MRM emprega 1.300 trabalhadores, sendo 94% moçambicanos.
O reforço da capacidade produtiva surge num contexto em que o mercado global de pedras preciosas de cor dá sinais de recuperação, com perspectivas de crescimento sustentado no médio e longo prazos. Segundo previsões da Gemfields, a nova unidade permitirá um aumento significativo da produção e das receitas provenientes da exploração mineira.
Desde o início das operações, em 2012, a mina de Montepuez já gerou receitas acumuladas superiores a 1,17 mil milhões de dólares (1,02 mil milhões de euros), tendo contribuído para o erário público com 285,5 milhões de dólares (cerca de 250 milhões de euros) em impostos e dividendos.
De acordo com o mais recente relatório G Factor for Natural Resources, publicado a 5 de Junho de 2024, a MRM registou receitas totais de 117,2 milhões de dólares (102,5 milhões de euros) em 2024, abaixo dos 151,3 milhões de dólares (132,4 milhões de euros) alcançados em 2023. O G Factor mede a percentagem de receitas pagas pelas empresas ao Estado através de impostos e dividendos, com o objectivo de reforçar a transparência na gestão de recursos naturais.
As operações da MRM haviam sido temporariamente suspensas no final de 2024, na sequência de distúrbios sociais registados após as eleições gerais de Outubro. Contudo, a actividade foi retomada em Janeiro deste ano, com expectativas renovadas de contribuição para o desenvolvimento económico da província e do país.