Sexta-feira, Junho 6, 2025
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Nelson Melo: “Estamos preparados para crescer apesar dos desafios do sector automóvel”

Profile Mozambique; A Caetano Moçambique é uma referência no sector automóvel nacional, integrando o prestigiado Grupo Salvador Caetano. Para iniciar, poderia partilhar connosco um breve resumo da trajectória da empresa em Moçambique e os principais marcos desde a sua implantação?

 

Nelson Melo, CEO da Caetano Moçambique

PM: A Caetano Moçambique estabeleceu parcerias com instituições financeiras, como o Millennium bim, para facilitar o acesso a viaturas através de leasing automóvel. Como estas parcerias têm contribuído para a expansão do mercado automóvel no país?

NM: A empresa mantém parcerias activas com vários bancos comerciais para dinamizar o acesso ao leasing automóvel, sem exclusividade com qualquer instituição. Campanhas específicas, como a prevista com um parceiro bancário para o último trimestre de 2025, são preparadas com bastante antecedência e adaptadas às condições do mercado.

Contudo, o desenvolvimento do produto de leasing enfrenta limitações estruturais, nomeadamente o elevado custo do crédito. Apesar de a taxa de juro média ter descido de 25% para cerca de 18% nos últimos 12 meses, só agora o produto começa a mostrar viabilidade para a aquisição de viatura nova. A empresa reconhece que, com taxas acima dos 20%, o leasing torna-se impraticável, não apenas em Moçambique, mas em qualquer mercado, levando os consumidores a procurar soluções de financiamento alternativas e menos onerosas, e se calhar optando pela importação de uma viatura usada, comprada virtualmente e com todos os riscos associados a esta decisão de compra.

Ademais, destaca-se que o segmento de veículos novos continua a posicionar-se como um produto de luxo no contexto económico moçambicano, onde infelizmente, continua a ser impossivel de ser alcançado pela grande maioria das familias Moçambicanas.

PM: Quais são as principais metas e projectos da empresa para os próximos anos em Moçambique? Há planos para introduzir novas marcas ou expandir para outras regiões do país?

NM: Relativamente a projectos de expansão, vamos inaugurar até Julho, um novo centro no Tchumene dedicado à venda e assistência de viaturas pesadas e maquinaria industrial. Está igualmente em curso o projecto da futura sede do grupo no país, com conclusão prevista a médio prazo.

Fora da capital, a empresa actua através de agentes certificados nas principais cidades capitais como a Beira, Chimoio, Tete, Pemba e Quelimane, uma solução adaptada à dimensão reduzida da economia, que não comporta estruturas próprias isoladas. Adicionalmente, disponibiliza oficinas móveis e apoio técnico remoto para clientes em zonas remotas, garantindo assistência contínua e eficaz.

PM: Como é que a actual crise cambial e a escassez de divisas têm afectado o desempenho da Caetano Moçambique e, de forma mais ampla, o sector automóvel no país?

A Caetano Moçambique detém actualmente uma quota de mercado estimada entre 7% e 8%, considerando a comercialização de viaturas novas, usadas, maquinaria e geradores. Contudo, o desempenho recente tem sido afectado pelo agravamento da crise cambial e pela escassez de divisas, o que reduziu drasticamente as importações.

Nos primeiros quatro meses de 2025, o sector automóvel registou uma quebra de cerca de 25% face ao período homólogo, reflectindo uma contracção generalizada do consumo em Moçambique. Este abrandamento abrange não apenas bens duráveis, mas também produtos alimentares e de grande consumo, como bebidas, açúcar e alimentos básicos.

A crise de divisas tem provocado atrasos significativos nos ciclos de importação, que anteriormente levavam uma semana e agora podem demorar até sete (7), afectando directamente a disponibilidade de produtos no mercado e limitando o funcionamento da economia.

A empresa manifesta preocupação com a persistência desta conjuntura, alertando para o risco de agravamento económico caso não sejam adoptadas medidas urgentes para estabilizar o mercado cambial e normalizar a economia. Situação que esperamos estar sanada num futuro próximo tendo em conta o compromisso demonstrado pelo novo Governo em encontrar soluções imediatas.

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