A trajectória de crescimento de Moçambique, concluem os analistas, está dependente da retoma do projecto da TotalEnergies em Cabo Delgado, após a suspensão dos trabalhos em 2021, devido aos ataques terroristas na região.
“A Moody’s projecta que o Produto Interno Bruto (PIB) real se expanda 6,7% em 2023 e 5% em 2024, contra 4,4% em 2022, impulsionado pelo crescimento contínuo do sector primário e, em particular, pela produção de GNL no Coral Sul da Eni S.p.A. (o projeto mais pequeno e mais avançado que iniciou a produção no ano passado)”, refere a agência de notação financeira.
Na nota divulgada, na sexta-feira passada, que desce a previsão económica de positiva para estável, a Moody’s prevê também que a dívida pública moçambicana melhore para 93,3%, mas ainda “bem acima da mediana estimada dos pares com notação Caa, de 66,1% em 2023”, e abaixo do nível de recomendação de investimento.
“Olhando para o futuro, embora se espere que o programa do FMI forneça uma âncora para a política fiscal, a consolidação fiscal pode revelar-se um desafio, dada a vulnerabilidade de Moçambique a choques internos e externos”, diz a nota.
“Há indicações de que a situação de segurança no norte do país melhorou e as autoridades esperam que as operações sejam retomadas este ano, com a produção a iniciar-se potencialmente em 2027. A decisão final de investimento para o projeto Rovuma LNG, o maior e menos avançado projecto, que foi suspenso devido à crise do coronavírus e às difíceis condições de segurança, ainda está pendente, com as autoridades a esperarem que seja finalizada em 2025”, escreve a Moody’s.
As previsões para a dívida e o PIB foram divulgadas no contexto da revisão da perspectiva da economia moçambicana de positiva para estável, numa nota em que a Moody’s prevê também mais atrasos nos pagamentos da dívida interna e na implementação de reformas.
No tocante à segurança na província de Cabo Delgado, o Governo tem estado a reportar progressos significativos na região, dada a intervenção conjunta entre as Forças de Defesa e Segurança e as da SADC e do Ruanda . A propósito, algumas pessoas já estão a retornar para as suas zonas de origem, de onde tinham saíso, devido à ameaça dos insurgentes.
No capítulo de reformas económicas, há um esforço visível por parte do Executivo moçambicano, que tem aprovado instrumentos legais que visam estabelecer um ambiente de negócios, tal é o caso do Pacote de Medidas de Aceleração Económica (PAE), bem assim a provação, em Agosto, da Lei de Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo pela Assembleia da República.
A Lei visa, especialmente, melhorar a segurança do sistema financeiro nacional, que acabou, no final de 2022, resvalando o país à Lista Cinzenta do Grupo de Ação Financeira Internacional.
A instituição teria justificado que houve incongruências no sistema financeiro moçambicano com indícios de ocorrência de lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo em território nacional.