- Estabilidade da taxa de referência reflecte cautela perante risco país, inadimplência e reservas obrigatórias elevadas;
- Prime Rate mantém-se em 18% pelo segundo mês consecutivo;
- Indexante Único situa-se em 11,80%, reflectindo média do mercado interbancário;
- Prémio de Custo permanece elevado (6,20%) devido ao risco país e crédito malparado;
- Medida afecta novos contratos, renovações e renegociações com taxa variável
- Transparência no cálculo visa reforçar credibilidade do sistema bancário
A Prime Rate do Sistema Financeiro Moçambicano permanece em 18% no mês de Maio, segundo anunciou a Associação Moçambicana de Bancos. O índice resulta da soma do Indexante Único (11,80%) e de um Prémio de Custo elevado (6,20%), que reflecte a persistência de riscos estruturais na banca nacional, incluindo taxas de incumprimento e exigências de liquidez.
A taxa de referência para operações de crédito com juro variável — conhecida como Prime Rate do Sistema Financeiro Moçambicano — mantém-se em 18% no mês de Maio de 2025. Esta taxa é composta pelo Indexante Único, actualmente em 11,80%, e pelo Prémio de Custo, fixado em 6,20%, conforme estabelecido pelo acordo entre o Banco de Moçambique e a AMB.
O Indexante Único reflecte o custo médio das operações no mercado monetário interbancário para vencimentos overnight, incluindo operações com o banco central, repos entre bancos e permutas de liquidez. A actual taxa MIMO, base do indexante, permanece em 11,75%.
O Prémio de Custo continua elevado devido à conjugação de factores de risco sistémico: (i) rácio elevado de crédito malparado, (ii) níveis exigentes de reservas obrigatórias, e (iii) rating soberano abaixo do grau de investimento, todos elementos que encarecem o custo do crédito para os bancos e, consequentemente, para os seus clientes.
A Prime Rate aplica-se a todos os novos contratos de crédito, bem como a renegociações e renovações, com spreads adicionais definidos conforme a análise de risco de cada instituição. Esta abordagem visa harmonizar e tornar mais transparente o processo de fixação de taxas variáveis, promovendo uma melhor transmissão da política monetária.
Apesar de estável, a manutenção da Prime Rate em níveis elevados impõe desafios à retoma económica, especialmente num momento em que sectores como o agro-negócio, habitação e pequenas empresas clamam por maior acesso ao crédito produtivo.