Quarta-feira, Agosto 27, 2025
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Quais as implicações se Moçambique não sair da lista cinzenta do GAFI?

Por: Simão Djedje

Moçambique está hoje na chamada lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional, o GAFI. Essa classificação significa, na prática, que o país ainda tem falhas no combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo. Ou seja, apesar dos compromissos assumidos pelo Governo, ainda há pontos fracos que precisam de ser corrigidos.

Mas a grande questão é: o que acontece se Moçambique não conseguir sair dessa lista?

Em primeiro lugar, há um problema imediato de confiança. Os parceiros internacionais passam a olhar para o sistema financeiro moçambicano com desconfiança. Isso leva a mais fiscalização em cada transação bancária, o que significa atrasos, burocracia e custos adicionais. Para as empresas, torna-se mais difícil atrair investimento estrangeiro. E para o comércio internacional, principalmente importações e exportações, surgem novos obstáculos que reduzem a competitividade das empresas nacionais.

Agora, se o país não só permanecer na lista cinzenta como evoluir para a lista negra, o cenário seria muito mais pesado. Isso poderia significar isolamento quase total do sistema financeiro mundial, restrições sérias no comércio, fuga de investimentos e até a imposição de sanções multilaterais. Em poucas palavras, seria um golpe duro para a economia moçambicana.

É importante lembrar que este desafio não é apenas do Governo. Vários sectores têm responsabilidades directas. Os bancos e instituições financeiras precisam reforçar mecanismos de compliance e controlo de clientes. As empresas devem apostar em governança e transparência. A Ordem dos Contabilistas tem de assegurar auditorias rigorosas, enquanto as Alfândegas precisam combater o contrabando e a subfaturação. Até a Ordem dos Advogados deve estar atenta, para que a profissão não seja usada como ferramenta de ocultação de fluxos ilícitos. E mesmo sectores como o comércio de veículos têm de garantir maior rastreabilidade nas suas operações.

No fundo, sair da lista cinzenta não depende só de leis ou regulamentos, mas de uma mudança de cultura, valorizar integridade e transparência em todos os níveis. Para isso, Moçambique precisa aplicar de forma consistente as recomendações do GAFI, investir na formação de profissionais de auditoria e supervisão e criar uma frente unida entre Estado, sector privado e sociedade civil.

Portanto, ficar ou sair da lista cinzenta vai depender de uma acção colectiva. Permanecer pode trazer consequências graves, e cair na lista negra seria ainda mais arriscado. Mas, se o país assumir de forma firme esse compromisso, pode não só recuperar credibilidade internacional como também abrir portas para mais investimento e crescimento económico.

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