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Terça-feira, Junho 17, 2025
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Relatório da IEA aponta quebra de 30% na produção de grafite em África em 2024, influenciada pela situação em Moçambique

A produção de grafite natural em África registou uma acentuada queda de 30% em 2024, situando-se nas 120.000 toneladas, segundo o Global Critical Minerals Outlook 2025, divulgado recentemente pela Agência Internacional de Energia (IEA). A diminuição da produção deveu-se, sobretudo, a constrangimentos operacionais na mina de Balama, em Moçambique, e a dificuldades no projecto Lindi, na Tanzânia.

De acordo com o relatório, a mina de Balama, considerada a maior operação de grafite em África, declarou force majeure após episódios de instabilidade civil na província de Cabo Delgado. A operadora australiana Syrah Resources não produziu grafite no local desde julho de 2024, situação que impactou significativamente os números do continente. Embora a empresa preveja retomar a produção até ao final de junho de 2025, não avançou novas projecções de produção.

Por sua vez, a mina Lindi, na Tanzânia, enfrentou problemas após a entrada em administração da sua operadora e atrasos logísticos no porto de Dar es Salaam, agravando o cenário de retração no sector.

África representa atualmente cerca de 10% do fornecimento global de grafite natural, num mercado dominado pela China, que controla aproximadamente 80% da oferta mundial. Contudo, analistas apontam para um potencial de crescimento da quota africana nos próximos anos, impulsionado por novos investimentos e projectos em desenvolvimento na região.

O relatório da IEA destaca, entre esses projectos, a expansão da operação da Tirupati Graphite em Madagáscar, que pretende aumentar a sua capacidade anual de 20.000 para 54.000 toneladas até dezembro de 2025. Em simultâneo, o projecto Kasiya, da australiana Sovereign Metals, no Malawi, prevê uma produção de 233.000 toneladas ao longo de uma vida útil estimada em 25 anos. Já na Tanzânia, a Black Rock Mining avança com o projecto Mahenge, que poderá alcançar 340.000 toneladas de concentrado de grafite por ano até 2026.

Apesar destas perspectivas positivas, o mercado enfrenta desafios consideráveis. Desde 2023, os preços do grafite têm sofrido pressão, consequência do excesso de oferta e da redução da procura, especialmente no segmento de veículos elétricos, um dos principais consumidores deste mineral crítico.

Em Madagáscar, a NextSource Minerals tem encontrado dificuldades para iniciar a produção comercial da mina Molo, também atribuídas às atuais condições desfavoráveis do mercado. A própria Syrah Resources justificou a suspensão das operações em Balama com a debilidade do mercado, para além dos problemas de segurança.

Embora o World Energy Outlook 2024, igualmente da IEA, tenha projetado que África poderia duplicar a sua participação no mercado global de grafite para 20% até 2030, os desenvolvimentos recentes mostram que o caminho para este objectivo será condicionado pela estabilidade operacional, segurança regional e dinâmicas de mercado.

Com a retoma prevista em algumas operações e o avanço de novos projectos, o sector africano de grafite poderá, nos próximos anos, recuperar fôlego e posicionar-se como um fornecedor estratégico para as cadeias globais de minerais críticos.

Fonte: ECOFIN AGENCY

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