Segunda-feira, Dezembro 23, 2024
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Tânia Saranga: “O propósito é criar uma rede influente de mulheres com alto potencial de crescimento”

Profile Mozambique: O que significa o projecto Be Like a Woman?

Tânia Saranga: Be Like a Woman é uma iniciativa voltada para mulheres, especialmente aquelas que ocupam posições de liderança intermediária ou que são empreendedoras de negócios em diferentes áreas. O objectivo principal da iniciativa é fornecer ferramentas que ajudem essas mulheres a se prepararem cada vez mais para alavancar as suas carreiras e expandir os seus negócios.

Por meio do programa, as participantes têm acesso a uma série de recursos, como: formações, mentorias individuais, e a oportunidade de interagir com especialistas nacionais e internacionais de diversas áreas e de diferentes partes do mundo. O propósito central é criar uma rede influente de mulheres com alto potencial de crescimento, ajudando-as a escalar os seus projectos ao máximo. Dessa forma, elas se tornam não apenas referências no seu sector, mas também uma fonte de inspiração para outras mulheres.

PM: Por que o interesse em um programa voltado para as mulheres?

TS: A New Face New Voices (NFNV), parte da Graça Machel Trust, é uma rede pan-africana com foco na mulher, e um dos nossos principais objectivos é aumentar a inclusão financeira da mulher, tanto como empresárias, profissionais e de forma individual. Também buscamos promover o crescimento dessas mulheres em termos de liderança, para que se tornem mais visíveis e assumam posições de destaque.

O programa Be Like a Woman, para nós, representa a aplicação prática de tudo o que defendemos e gostaríamos de ver, tanto em Moçambique quanto na região em geral. Acreditamos que é fundamental capacitar as mulheres, tornando-as mais capazes de crescer e alcançar posições de liderança em qualquer área de actuação. Esse programa, portanto, é um passo importante para ajudá-las a alcançar esse objectivo.

PM: Com a expansão do Be Like a Woman, quais são os principais desafios do projecto?

TS: O primeiro desafio está nas capacidades e competências das mulheres, mas também nas oportunidades disponíveis para elas. Em Moçambique, o sistema frequentemente prioriza os homens, seja no mercado de trabalho, seja no ambiente de negócios. Culturalmente, o homem é visto como aquele que deve ter mais oportunidades de crescimento, o que cria um obstáculo para a mulher, que muitas vezes não é incentivada a assumir posições de liderança. Em muitos casos, as mulheres não têm a confiança necessária para ocupar certos cargos, e, muitas vezes, nem sequer são consideradas para essas posições.

Em termos de realidade económica, vemos que as mulheres estão presentes no sector empresarial, mas em sua maioria no sector informal. Apesar de sua contribuição para a economia, especialmente na educação dos filhos e no desenvolvimento do país, elas ainda são marginalizadas. Esse histórico de marginalização gera uma falta de autoconfiança, fazendo com que muitas mulheres não se vejam como empresárias ou não aspirem a ter negócios maiores ou formalizados.

Outro desafio importante está relacionado ao conhecimento e às ferramentas de gestão. Muitas mulheres, embora possuam valências importantes, acabam adquirindo conhecimento de forma empírica, “na rua”, sem a oportunidade de aprender ferramentas comprovadas para gerenciar seus negócios de maneira mais eficaz. Além disso, muitas não têm acesso a planos de desenvolvimento profissional que as ajudem a traçar um caminho claro para ascender em suas carreiras e alcançar cargos de gestão elevados. Portanto, os principais desafios são: a marginalização das mulheres em termos de oportunidades, a discriminação cultural que ainda existe, tanto no âmbito familiar quanto no profissional, e a falta de conhecimento formal e ferramentas adequadas para ajudá-las a crescer, tanto como empresárias quanto como profissionais.

PM: Quais ferramentas e habilidades consideram importantes para a capacitação das mulheres em cargos de liderança e empreendedorismo?

TS: O programa Be Like a Woman oferece uma série de ferramentas e habilidades para as capacitar mulheres.  Entre os temas abordados estão a liderança corporativa, onde as participantes aprendem a se destacar como líderes, e o poder da negociação, para que possam defender as  suas posições e negociar de forma eficaz. O programa também foca em liderança transformativa, ética e integridade, e inclui temas como inteligência artificial, que ajudam as mulheres a melhorarem os processos e os sistemas em seus negócios. Além disso, são oferecidas masterclasses que aprimoram a gestão de negócios e a construção de planos de carreira.

Outro aspecto importante do programa é a mentoria. No início, as participantes definem seus os objectivos de desenvolvimento pessoal e profissional, e são acompanhadas por mentores experientes, tanto nacionais quanto internacionais. Esses mentores ajudam as participantes a estruturar os seus planos e a alcançar as suas metas, com reuniões mensais para monitorar o progresso e ajustar as estratégias. Dessa forma, o programa oferece uma combinação de capacitação prática e apoio estratégico, com o objectivo de ajudar as mulheres a crescerem e a conquistarem posições de liderança, seja no mundo corporativo ou no empreendedorismo.

PM: O programa Be like a woman, está na sua segunda edição. Quais inovações foram introduzidas nesta edição?

TS: Nesta segunda edição, o programa trouxe algumas inovações. A primeira está relacionada ao grupo alvo. Abrimos as portas do programa para incluir membros de associações e organizações da sociedade civil que têm um grande impacto social. Outra inovação importante é a criação de uma rede de mentoria. As mentoradas do programa, ao final, terão a responsabilidade de mentorar mulheres mais jovens, passando adiante o conhecimento e a experiência adquirida.

Por fim, podemos mencionar a natureza dos temas abordados. Em 2024, o programa integrou temas virados para a ética e integridade, inteligência artificial e investimentos. Este último tema é particularmente relevante para o nosso foco em empreendedorismo e geração de riqueza, incentivando as participantes a pensarem além de suas necessidades imediatas e começarem a visualizar objectivos de longo prazo, como construir um negócio de sucesso que possa levar à prosperidade e até mesmo à riqueza.

PM: Quais são os próximos planos, podemos agaurdar por uma terceira edição do programa Be Like a Woman?

TS: O programa Be Like a Woman não foi idealizado para ser limitado a apenas duas edições. Desde o início, o objectivo sempre foi criar um impacto contínuo no desenvolvimento de mulheres líderes, empreendedoras e profissionais. Por isso, existem, sim, planos para a terceira edição que será integrada de inovações.

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