Tatiana Pereira, co-fundadora e Executive Catalyst da ideiaLab, presta apoio e assistência a iniciativas empreendedoras em Moçambique há 12 anos e este mérito conferiu-lhe um prémio na categoria de inovação a nível dos dos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
É licenciada em Gestão de Recursos Humanos pelo Instituto Universitário de Lisboa, tem um Master of Business Administration pela The Graduate School of Business da Curtin University e foi Mandela Washington Fellow em 2014, tendo frequentado um curso de empreendedorismo e negócios na Northwestern University, como parte da Young African Leadership Initiative.
Tatiana Pereira tem também certificações em Design Thinking Essentials, formação para fornecedores de BDS, Social & Environmental Enterprise Development Toolbox, Executive Coaching, entre outros.
Convidada a falar sobre os desafios actuais do empreendedorismo em Moçambique, Tatiana Pereira assegurou que a ideaLab foi fundada na crença de um país mais empreendedor e de mudança de narrativa sobre o presente e futuro dos jovens.
Sobre o prémio Innovation Awards 2022, considerou ser um marco muito importante para a instituição pois trata-se de um reconhecimento dos 12 anos de trabalho pelo que hoje em dia até nos discursos do Governo, temas relacionados ao empreendedorismo são retratados, o que mostra, segundo avançou, que empreender pode ser a solução.
“Quando iniciamos, há 12 anos, a expressão empreendedorismo era pouco proferida, dizia-se que o jovem moçambicano não era capaz, mas nós queríamos mudar essa visão e provar que o empreendedorismo pode ser o caminho a seguir”, disse.
No entanto, para que o caminho do empreendedorismo guiasse os moçambicanos ao sucesso era preciso um sistema de apoio capaz de fazer face aos principais desafios e assim nasceu a ideaLab com a lógica de facilitar a vida dos empreendedores sobre como dar os passos certos para iniciar ou acelerar um negócio de forma sustentável.
A entrevistada deixou claro que, embora a ideaLab faça gestão de programas de incubação e aceleração de empreendedorismo, a mesma não é, no entanto, uma incubadora.
DESAFIOS DO EMPREENDEDORISMO EM MOÇAMBIQUE
“Ainda existem muitas barreiras culturais para quem quer empreender, quando um jovem termina a faculdade a orientação que a família dá é de arranjar um emprego seguro, há um estigma que precisa do envolvimento de todos”, lamentou.
Outro desafio apontado por Tatiana Pereira está relacionado com a competência para empreender, pelo que precisa-se de apostar muito na componente de formação para que as pessoas não tenham apenas vontade empreender.
Do mesmo modo, refere-se ao ambiente de negócios que, segundo relata, é muito difícil, destacando questões de regulamentação, acesso à informação, mercado, financiamento, entre outros.
“Só começar e registar um negócio é caro, não é acessível e veja que a forma de proceder em Maputo é diferente de outras províncias, então todo o pacote de formação e facilitação, formalização nem sempre é claro”, argumentou.
Para fazer face ao desafio cultural, a idealab tenta, em coordenação com os parceiros, divulgar os negócios dos jovens que passam pelos seus programas sob forma de mostrar que é possível empreender e ter sucesso.
Quanto à questão da regulamentação, os esforços da organização são feitos durante os programas onde os pacotes incluem oradores de instituições regulamentares como O Balcão de Atendimento Único (BAU), Autoridade Tributária e Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).