O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 17,25%. Esta decisão é sustentada pelo surgimento de novos riscos e incertezas associados às projecções da inflação, com destaque para o potencial impacto do actual conflito no Médio Oriente sobre os preços internacionais de combustíveis e alimentos.
As perspectivas da inflação mantêm-se em um dígito no médio prazo. Em Outubro de 2023 a inflação anual aumentou para 4,8%, depois de 4,6 % em Setembro. Esta evolução é explicada, fundamentalmente, pelo aumento dos preços de bens alimentares e bebidas alcoólicas. A inflação subjacente, que exclui as frutas e vegetais e bens com preços administrados, também aumentou. Para o médio prazo, mantêm-se as perspectivas de uma inflação de um dígito, reflectindo, sobretudo, a estabilidade do Metical e o impacto das medidas que vêm sendo tomadas pelo CPMO.
Os riscos e incertezas subjacentes às projecções da inflação continuam a agravar-se. A nível interno, prevalecem a pressão sobre as finanças públicas e as incertezas quanto à evolução e efeitos de eventos climáticos extremos. Na envolvente externa, para além do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, destacam-se as incertezas quanto ao prolongamento e alastramento do actual conflito no Médio Oriente e os seus impactos sobre os preços internacionais do petróleo e de bens alimentares.
Para o médio prazo, excluindo o gás natural liquefeito (GNL), perspectiva-se a manutenção de um crescimento económico moderado. No terceiro trimestre de 2023, excluindo o GNL estima-se que o produto interno bruto (PIB) tenha crescido 3,3%, depois de 3,1 % no trimestre anterior. Incluindo o GNL, o crescimento do PIB acelerou para 5,9%, após 4,7%. No médio prazo antevê-se que a actividade económica, excluindo a produção de GNL, continuará a recuperar, não obstante as incertezas associadas aos impactos dos prováveis eventos climáticos na produção agrícola e em infra-estruturas diversas. Entretanto, a indústria extractiva continuará a contribuir para a aceleração do crescimento económico.
A pressão sobre o endividamento público interno continua a aumentar. O endividamento público interno, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 334,4 mil milhões de meticais, o que representa um aumento de 59,3 mil milhões em relação a Dezembro de 2022.
O CPMO continuará a monitorar a evolução dos riscos e incertezas associados às projecções da inflação, e tomará as medidas que se mostrarem adequadas ao contexto.