A Associação Moçambicana de Bancos (AMB) anunciou que, após quatro cortes consecutivos, a taxa de juro de referência, conhecida como prime rate, vai permanecer inalterada em 19,0% em Fevereiro de 2025. Este anúncio segue uma série de ajustes feitos pelo Banco de Moçambique (BdM), que iniciou a redução da taxa MIMO, responsável pela orientação da taxa de juro de referência, em janeiro de 2024, passando de 24,1% para 19,0%.
A prime rate, que determinou a dinâmica do crédito no País, foi corte consecutivo em diversos meses, com ajustes significativos desde o meio de 2023. A taxa de referência, que estava em 15,5% em fevereiro de 2021, viu uma inversão de tendência ao atingir picos de 24,1% em julho de 2023, para posteriormente reduzir gradualmente até o atual patamar de 19,0%.
O Contexto e os cortes de taxa
Desde o início de 2024, o Comitê de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique começou a reduzir a taxa MIMO em resposta às expectativas de inflação mais baixas. A taxa MIMO passou de 12,75% para 12,25% em janeiro de 2025, como parte da política de controle da inflação, enquanto o país enfrenta incertezas associadas aos riscos fiscais e choques climáticos. Este movimento de redução de taxas, apesar de ser uma tentativa de controlar a inflação, também visa aliviar a pressão sobre o custo do crédito e promover a recuperação económica do país.
A taxa de prime rate é uma taxa fundamental que impacta o custo do crédito em Moçambique, e seu comportamento está intimamente ligado à taxa de política monetária do banco central. Esta taxa é usada pelos bancos comerciais como base para definir as taxas de juro aplicadas aos empréstimos com taxas variáveis, afectando directamente tanto as empresas quanto os consumidores.
Análise da situação actual
A decisão de manter a taxa de juro de referência em 19% para fevereiro de 2025, após uma série de cortes, mostra a estabilização gradual da política monetária no país. De acordo com a AMB, o impacto da taxa de juro de referência tem sido significativo no custo do crédito no mercado financeiro moçambicano. Os cortes na taxa de juro de referência visam estimular a economia, facilitar o acesso ao crédito e, ao mesmo tempo, garantir que a inflação se mantenha sob controle, com a previsão de que se mantenha abaixo de um dígito médio a médio prazo.
No entanto, as taxas de juro mais baixas podem não ser suficientes para aliviar completamente a pressão sobre os setores mais afetados pela escassez de liquidez e pela volatilidade económica. Além disso, o aumento dos risco pós-eleitoral, o risco fiscal e os impactos dos choques climáticos podem continuar a representar desafios para uma recuperação sustentável.
Expectativas para o futuro: Estabilidade ou novos cortes?
Com a manutenção da prime rate em 19%, os analistas aguardam uma estabilização na economia moçambicana, especialmente em termos de crédito e financiamento. Contudo, o Banco de Moçambique pode continuar a ajustar a taxa de juro dependendo da evolução das expectativas de inflação, dos riscos fiscais e da estabilidade política do País.
Os investidores e empresários que dependem de crédito acessível têm mostrado interesse em uma política monetária mais agressiva, com cortes adicionais na taxa de juro. No entanto, o BdM adoptará uma postura cautelosa, ajustando as taxas conforme os sinais econômicos e as necessidades do mercado.
A manutenção da taxa de juro de referência em 19% é um reflexo das dificuldades e das incertezas que o país ainda enfrenta, mas também um sinal de um possível período de estabilidade após a série de cortes que começaram em 2024. Para o sistema bancário, essa taxa influencia directamente a margem de lucro dos bancos, enquanto para as famílias e empresas, o custo do crédito continuará a ser elevado, embora mais acessível do que antes.