Quinta-feira, Dezembro 26, 2024
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Turismo quer recuperar-se da devastadora queda de receitas

As receitas do turismo caíram em mais de 90%. Claramente, é uma redução dramática, mas não chega a ser surpreendente. Foi natural ouvir o primeiro-ministro anunciar esse resultado.

De facto, há muito tempo que os sinais apontavam para essa queda. Não faltaram elementos para prevê-la. Ainda no primeiro trimestre, assistimos os estragados da Covid-19 na Europa e Ásia, antes de castigar a América e se firmar em África.

Em Março, quando o Governo anunciou que não seria permitida a entrada de sul-africanos não residentes ao país, houve pânico. Na sequência, o Governo Sul-africano decidiu cancelar as celebrações da Páscoa como forma de controlar a propagação do vírus.

A partir daí, foram anunciadas restrições em diversas fronteiras e aeroportos, nacionais e internacionais. Por conseguinte, o turismo mundial, e particularmente o moçambicano, muito dependente de estrangeiros, viu seus números baixarem da noite para o dia.

Em parte, as últimas esperanças de que as coisas melhorariam perderam-se em Julho, quando se confirmou um caso positivo da Covid-19 na Fronteira de Ressano Garcia. Este facto afastou quaisquer possibilidades de entrada de estrangeiros ao país para fins de recreactividade.

O pânico geral causado pela pandemia levou a que muitos dos turistas hospedados em diferentes instâncias do país saíssem precipitadamente em busca do tão pregado distanciamento social. O que se viu a seguir também não foi surpreendente.

Enquanto essas instâncias turísticas encerravam por falta de quem os visitasse, aos milhares, moçambicanos iam perdendo seus postos de trabalho.

Entretanto, recentemente, durante as cerimónias alusivas ao Dia Mundial do Turismo, o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, anunciou algumas acções visando impulsionar o turismo doméstico. Entre elas consta a introdução do visto electrónico para facilitar a entrada de estrangeiros ao país.

Não obstante o crescente número de contágios por Covid-19, o Governo acredita que a doença “veio para ficar e precisamos de aprender a conviver com ela com responsabilidade”.

Por sinal, essa posição é também partilhada pela Confederação da Associações Económicas (CTA), que rematou que a abertura das fronteiras entre Moçambique e África do Sul “pode dinamizar as trocas comerciais e contribuir para a retoma da economia nacional”.

Com todo esse optimismo, é de se esperar que o sector recupere gradualmente. A poucos meses do fim do ano, não é muito provável que nosso turismo volte a operar a todo vapor. Por um lado, vai levar tempo para que a confiança dos turistas volte a se estabelecer.

Por outro, mesmo em meio à queda vertiginosa de receitas, o sector precisa de investir e se reinventar. O novo normal só vai funcionar se formas melhoradas de trabalhar forem implementadas.

Se algum dia palavras como “conforto” e “qualidade” surgiram à mente de qualquer turista, agora entra na lista mais uma: segurança. À medida que o medo geral se dissipa, turistas voltarão ao país, isto é certo. Mas quando voltarem, o sector precisará estar devidamente equipado para fornecer experiências turísticas que garantam, em primeiro lugar, essa segurança.

Este é o longo e o único caminho que o sector precisa percorrer se quiser voltar a funcionar de forma sustentável.

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