A conversa girou também em torno dos desafios face à pandemia da Covid-19, desemprego e o elevado custo de vida. Neste rumo, a Gestora de Projectos da Tempus Global Group, partilhou a larga experiência daquela instituição no que diz respeito à pesquisa do clima interno e cultura organizacional, tendo destacado que o Recursos Humanos são um termómetro que monitoram o clima organizacional.
Profile – Quais são as principais competências da Tempus Global Group?
Vanessa Tavares – A Tempus Global Group define-se em cinco competências, nomeadamente, Consultoria estratégica relacionada com o desenvolvimento do capital humano, na qual somos detentores de experiência consolidada e uma equipa qualificada em benefícios para trabalhadores, serviços relacionados e resseguro em África; Inteligência Empresarial, onde colectamos e compreendemos dados que convertidos em programas ou acções promovem o bem-estar dos colaboradores e contribuem para a atraccão e retenção dos talentos nas organizações; Criatividade, desenvolvemos iniciativas e ferramentas inovadoras que apoiem as organizações a sair de um modelo de gestão mais operacional para um mais estratégico; Foco na área de Compliance, neste ponto, apoiamos as organizações a garantir que os trabalhadores estejam alinhados com a estratégia da organização em relação ao seu comportamento ético e profissional e, por último, Flexibilidade, sendo esta a capacidade de adaptação a mudança em resposta à estímulos internos como externos.
Profile – Que desafios podem ser destacados na área dos RH face à pandemia da Covid-10, desemprego e elevado custo de vida?
Vanessa Tavares – Face à Covid-19, temos a destacar desafios como alteração da dinâmica de trabalho, saúde mental, qualidade de vida, liderança e utilização de tecnologia.
Relativamente ao índice de desemprego, importa referir que o mesmo atinge principalmente os jovens que pretendem ingressar ao mercado de trabalho pela primeira vez. Infelizmente o desemprego não afecta somente a aqueles que perderam os empregos, mas a toda sociedade.
Com um índice menor de trabalhadores é normal que o poder de compra e o consumo diminua, o que impacta directamente no aumento do custo de vida.
Nesses momentos o RH encontra desafios como, por exemplo, trabalhadores aflitos, tensos e inseguros, o que acaba por gerar uma queda de rendimento e falta de entrega.
Nestes casos, o RH tem um papel fundamental para transformar o ambiente de trabalho, seja ele presencial ou remoto com acções que motivem e ajudem os trabalhadores a manter o equilíbrio emocional e a produtividade.
Além de trabalhar o emocional, o RH também é responsável por passar comunicados importantes em momentos como esses para poder manter a equipa actualizada a respeito do que está a acontecer dentro e fora da organização, pois ajuda a elevar o nível de engajamento e sentimento de pertença. Esse tipo de comunicados impacta directamente no cotidiano do trabalhador, são importantes para evitar especulações e as tão conhecidas “fake news”.
Profile – Quais são as adaptações levadas a cabo pela Tempus para responder às mudanças a que a área da sua actuação está sujeita actualmente?
Vanessa Tavares – Tentamos adaptar-nos as mudanças desta área com base no levantamento de dados que realizamos através das nossas pesquisas com diferentes perfis para poder acompanhar de forma real o posicionamento do mercado, as suas necessidades e poder trazer soluções adequadas para cada um dos desafios propostos, rentabilizando
Procuramos estar actualizados sobre o que acontece no mundo, por exemplo: questões de saúde mental (antes poucas organizações valorizavam) e actualmente vêem os resultados das patologias dentro das organizações e apoiam com processos menos complexos, mas que rentabilizam o talento.
Profile – Do ponto de vista do desenvolvimento organizacional, que estratégias a Tempus Global Group valoriza?
Vanessa Tavares – No nosso ponto de vista, o desenvolvimento organizacional propõe-se a realizar mudanças na organização a partir de dois pilares dos quais valorizamos, concretamente, pesquisa de clima interno e identificação da cultura organizacional.
Profile – Até que ponto a liderança dos Recursos Humanos contribui para o alcance dos melhores resultados das instituições.
Vanessa Tavares – Sim, acreditamos que a liderança do RH pode contribuir profundamente para o alcance dos melhores resultados das instituições. O RH tem um papel neste processo desde a fase inicial que inicia no recrutamento, selecção e alinhamento do perfil dos talentos com a cultura da organização.
O RH tem espaço para inspirar a organização directamente através do Employee Value Proposition (EVP) – Proposta de valor ao trabalhador -inserindo vivamente nos trabalhadores a cultura da organização, a partilha ou reforço das estratégias do negócio e consequentemente engajá-los na busca destes resultados, sendo o RH o termómetro que monitora o clima organizacional.
Profile – Moçambique é maioritariamente um país com população jovem, estando em constante crescimento e consequente exigência do mercado de emprego, que aspectos geralmente a Tempus Global Group avalia ou toma em consideração no recrutamento de talentos?
Vanessa Tavares – Devido a maior parte da população no nosso país ser jovem, deparamo-nos com o desafio de ter talentos sem experiência profissional, mas com competências ou habilidades para desempenhar uma certa actividade. O desafio do RH está em identificar estes perfis, desenvolver e reconhecer que com a chegada da nova geração ao mercado, vivemos uma era na qual as prioridades e necessidades do mercado de trabalho mudaram.
A Tempus Global Group privilegia a contratação de jovens com diferentes perfis e habilidades (não focamos apenas nos hardskills mas nos softskills, com vista a desenvolver uma equipa diversificada e preparada para superar os diferentes desafios e alcançar as metas em conjunto.
Profile – Como avalia o mercado de emprego em Moçambique?
Vanessa Tavares – 60% da população moçambicana tem a média de 16 anos. A pergunta é: quantos por cento o país tem que crescer para poder empregar ou absorver os jovens no mercado de trabalho?
O mercado de emprego em Moçambique é um desafio, há poucas iniciativas para a empregabilidade dos jovens, não é só o caso de Moçambique, é um fenómeno mundial.
Profile – Sabe-se que a Tempus Global Group tem vindo a trabalhar há anos com multinacionais dos sectores do petróleo e gás, mineração, navegação, construção e banca, entre outros. Quais são as maiores lições de prestar serviços de RH à instituições de renome dos sectores supracitados?
Vanessa Tavares: As maiores lições de prestar serviços de RH com as instituições multinacionais são a forma como estão organizados ou estruturados, a forma como endereçam os assuntos internos relacionados com a cultura organizacional e o foco no benefício e na valorização dos profissionais.
Profile – Que previsões a Tempus Global Group faz da área de RH para os próximos anos?
Vanessa Tavares: Não temos muitas pesquisas no país, mas acreditamos que o RH estará mais focado na estratégia da organização e em encontrar profissionais que sejam capazes de atender as necessidades internas em termos de crescimento e flexibilidade. As pessoas é que terão que estar prontas para adaptar-se aos diferentes desafios propostos.
Profile – Como é que a instituição gostaria de ser vista no futuro?
Vanessa Tavares – Estamos a trabalhar para que no futuro sejamos vistos como uma empresa moçambicana com presença internacional de referência na área de gestão do capital humano, reconhecendo os nosso valores como a ética e totalmente focada nas necessidades do cliente, com uma equipa jovem, dinâmica e flexível capaz de ajustar o jeito de fazer negócio a realidade atual do país e do mundo nesse momento.
Profile – Quais são as actividades de responsabilidade social e corporativa que a Tempus Global Group tem desenvolvido?
Vanessa Tavares – Não temos nenhuma actividade de responsabilidade social e corporativa em específico, mas fazemos anualmente doações a orfanatos (roupas e brinquedos), incentivamos internamente a empregabilidade de jovens e o trabalho voluntário.