Domingo, Abril 28, 2024
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Luís Enoque: “A transformação digital envolve tempo, dinheiro e mudanças estruturais”

Para melhor conhecer o processo de transformação digital do continente africano, estivemos à conversa com o Director Comercial e Marketing da BCX, Luís Enoque, licenciado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores pela Universidade de Coimbra, com especialização em Telecomunicações, tendo iniciado a sua carreira na ReferTelecom em Portugal, como Engenheiro de Transmissão.

Foi Gestor de Contas Estratégicas e Gestor da Unidade de Negócios Cisco na I-TEC, tendo passado para a INTELLICA como Consultor Sénior e de seguida assumiu as funções de Gestor de Consultoria em Sistemas e Tecnologias de Informação e Comunicação, antes de juntar-se à BCX.

Em entrevista, Enoque começou por considerar que para a BCX constitui uma visão ser o parceiro estratégico número um da digitalização do continente africano, embora este mesmo processo envolva, no seu entendimento, tempo, dinheiro e mudanças estruturais.

Nesta linha de pensamento, o Director Comercial e de Marketing da BCX refuta a ideia de que a introdução da informatização veio para tirar postos de trabalho. O entrevistado defende que esta é uma forma de apresentar às pessoas de várias áreas de actuação, uma nova modalidade de trabalhar e obter resultados de maneira eficaz.

“A digitalização equipara-se a substituição da roda de um carro enquanto este estiver em andamento, por isso a BCX prioriza que a parte operacional continue em funcionamento enquanto implementam-se as mudanças”, referiu avançando que “o primeiro desafio da digitalização são as pessoas porque sentimos que em algum momento têm resistência em mudar a forma como trabalhavam antes para uma mais fácil e que permita maior controlo”.

SISTEMA DE COBRANÇAS ELECTRÓNICAS

A título de exemplo, a BCX desenvolveu, dentre vários aplicativos, um sistema de bilhética electrónica para a empresa Caminhos de Ferro de Moçambique, que permite que os seus gestores possam controlar em tempo real aspectos ligados à quantidade de bilhetes vendidos, o fluxo de passageiros entre estações e, acima de tudo, controlar a receita arrecadada, entre outros.

“Na altura da pandemia este sistema ajudou muito no controlo da capacidade dos comboios, tendo em conta que o Governo tinha estipulado uma certa percentagem de viajantes e quando o processo é manual é difícil perceber.

Portanto, os revisores tinham definido um número máximo de bilhetes que podiam vender e, depois de esgotar, a máquina bloqueava”, explicou Luís Enoque reafirmando que o maior objectivo, para além da redução drástica do papel, é a digitalização para a  obtenção de dados em tempo recorde para a sua análise e uma tomada de decisão em tempo útil.

 

DESAFIOS DA DIGITALIZAÇÃO E SEGURANÇA CIBERNÉTICA EM TEMPOS DA COVID-19

“Na África do sul temos os dois maiores data centers comerciais que existem em África. Há ainda desafios porque algumas empresas (em especial na área financeira) não podem ter suas informações numa cloud fora do país, mas aqueles que podem beneficiam-se bastante dos nossos data centers, através do serviço BCX One Cloud”, disse.

Com a eclosão da pandemia da Covid-19, que obrigou a maioria das instituições a adoptarem o trabalho remoto, a protecção de informações tornou-se mais vulnerável, segundo analisa Luís Enoque, pois para si o ambiente corporativo é que oferece melhor segurança cibernética.

“A partir do momento em que as pessoas começam a trabalhar remotamente, assume-se que elas saem do ambiente corporativo, tornando o acesso às informações vulnerável, porém o ambiente corporativo oferece mais segurança”, alertou.

Para a BCX o período da pandemia foi uma oportunidade de trazer várias soluções tecnológicas para o mercado, desde a introdução de assinaturas electrónicas, introdução de câmaras com capacidades de medir a temperatura de grupo de pessoas à distância, e sistema de marcações de atendimento, dentre outros.

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