Em tempos de busca por soluções energéticas sustentáveis, um estudo liderado pela Prof. Doutora Célia Artur, da Universidade Eduardo Mondlane, apresenta uma proposta disruptiva para os lares de Maputo: sistemas solares térmicos para aquecimento de água. Esta solução pode reduzir significativamente o consumo energético e as emissões de dióxido de carbono, ao mesmo tempo que alivia os custos domésticos.
O Estudo e os seus resultados
A pesquisa, realizada com o apoio do Fundo Nacional de Investigação (FNI), envolveu 700 lares distribuídos por 28 bairros da capital moçambicana. Actualmente, 46% das famílias utilizam electricidade e 41% biomassa para aquecer água, práticas que, embora comuns, apresentam elevados níveis de ineficiência energética. A biomassa, por exemplo, consome cerca de 2.920 kWh anuais por lar, mais do que o dobro da energia consumida por aquecedores eléctricos.
A transição para sistemas solares térmicos poderia transformar este cenário:
- Redução do consumo de electricidade em até 65,7%;
- Queda nas emissões de carbono em 78,7%;
- Economia média anual por família de 244 USD.
Com eficiência de até 99% no aquecimento de água, dependendo da capacidade instalada, esta tecnologia desponta como um aliado essencial na sustentabilidade urbana.
Biomassa: o outro pilar da sustentabilidade
A investigação vai além da energia solar, explorando o potencial da biomassa invasora como fonte renovável de energia. Em parceria com a Botswana International University of Science and Technology, desenvolve-se um sistema de torrefacção que transforma biomassa em biocombustíveis sólidos acessíveis e limpos.
A iniciativa, em curso até 2025, prevê:
- Produção de biocombustíveis a partir de 120 milhões de hectares de biomassa disponíveis na África Austral;
- Construção de geradores solares parabólicos em Moçambique;
- Optimização de sistemas de torrefacção no Botsuana.
Além do impacto ambiental, o projecto promete benefícios sociais, como a criação de empregos e a capacitação de comunidades em tecnologias de energias renováveis.
Desafios e caminhos para o futuro
Apesar das vantagens, a adopção destas tecnologias enfrenta barreiras, como custos iniciais elevados e a necessidade de políticas públicas que promovam a produção local e a sensibilização para a eficiência energética. Em dias nublados, o uso de sistemas de backup eléctricos pode causar picos de consumo, reforçando a importância de estratégias de mitigação.
O financiamento do FNI evidencia o compromisso de Moçambique com soluções inovadoras que conciliem progresso económico e preservação ambiental. Ao pavimentar o caminho para um futuro energético mais limpo, estas iniciativas destacam-se como referências no continente africano.